O mercado das bicicletas elétricas continua a crescer e a marca portuguesa Beeq, atenta às oscilações do setor e às novas exigências dos tempos modernos, lançou um modelo citadino - disponível em duas versões, a C500 Trekking e a C500 Urban Motion - mais barato do que os modelos já existentes (C800 e E800 que custam 2.099 euros), mas sem perder qualidades que, para nós, são fundamentais numa bicicleta para deslocações urbanas.
Tivemos a oportunidade de a testar durante alguns dias e gostámos sobretudo da fiabilidade, ausência de ruídos da bicicleta e do seu sistema de assistência à pedalada, algo que não é muito comum numa bicicleta de 1.799€.
Fabricada em alumínio - incluindo a forqueta -, tem uma geometria que proporciona uma posição de condução confortável e um cockpit bem configurado onde sobressai a ergonomia, a atenção aos detalhes e componentes que cumprem eficientemente o seu papel.
Mas voltemos atrás... O quadro é fabricado em alumínio 6061 com tubos hidroformados, sobressaindo o tubo horizontal com uma pequena "corcunda" junto à testa da bicicleta. As soldas são de qualidade e os acabamentos das mesmas são cuidados, ao contrário de outros modelos que já testámos de outras marcas, e bem mais caros. O quadro possui furação para a colocação de alforges, tem furação para a colocação de uma grade de bidon no tubo vertical e inclui ainda furação para guarda-lamas, os quais estão incluídos de série. É um bom quadro, robusto, atrativo, com cablagem interna e que acomoda perfeitamente o motor Shimano Steps E5000. A bateria é semi-integrada, o que nesta faixa de preço é perfeitamente aceitável.
A forqueta, também ela em alumínio, inclui um eixo passante de 100 mm, o que por um lado dificulta o roubo e, por outro, aumenta a rigidez e a solidez do conjunto. No lado interno das pernas da forqueta a marca colocou - e bem, do nosso ponto de vista - cor contrastante para maior visibilidade no meio do tráfego.
O sistema de assistência à pedalada escolhido foi o compacto Shimano Steps E5000. Provavelmente já leste aqui no nosso site tudo acerca desta nova geração de motores, mas sobressai sobretudo a sensação natural de andamento proporcionada e a entrada suave da assistência de pedalada. Sem arranques bruscos, coices ou situações que nos possam colocar em perigo e provocar uma queda inesperada. Sendo um sistema próprio para cidade, recorre a um motor com 250 W de potência com um torque máximo de 40 Nm. Não é muito, é verdade, mas para a maioria das situações em deslocações urbanas chega e sobra. Como é óbvio, a assistência é limitada até aos 25 km/h e tendo em conta o seu torque relativamente baixo comparativamente a outros modelos citadinos já testados por nós, é perfeitamente natural que este conjunto motor/bateria no modo mais baixo de assistência, o Eco, consiga percorrer ligeiramente mais de 160 km (embora a marca assegure que pode chegar aos 185 km). Tudo depende, obviamente, da pendente, da captação que o sensor faz da nossa pressão nos pedais, do clima, do peso total transportado, entre outros aspetos.
Trata-se de um motor muito silencioso, de dimensão reduzida e a sua bateria externa de 418 WH possui Leds para controlo da carga restante. Andámos várias vezes no modo mais elevado de assistência e nunca notámos sobreaquecimento, ruídos parasitas ou deformações nos plásticos, atestando a qualidade do conjunto Shimano.
A gestão dos modos de assistência é feita através de um pequeno e prático manípulo situado no lado esquerdo do guiador, junto ao punho e inclui três botões. Nas extremidades estão os botões que aumentam/diminuem a assistência e no meio fica o botão - mais saliente - de navegação no menu do ciclocomputador oferecido de origem, também ele com a chancela Shimano, colocado no avanço, numa posição muito segura, sem trepidação. Este ciclocomputador a preto e branco inclui dados como a distância percorrida, a velocidade instantânea e máxima, os níveis de assistência, o alcance dos diferentes modos e possibilita ainda ligar/desligar as duas luzes (a dianteira e a traseira). E para dificultar o roubo, é possível retirar o ciclocomputador.
Este sistema tem quatro modos de assistência: High (que proporciona 200% de apoio); Normal (100% de apoio); Eco (40% de apoio) e Walk (até 6 km/h). A diferença de assistência do modo Eco para o High é mais notória, embora - como salientámos anteriormente - nunca chega a ser brusca, ou coloque em perigo a nossa integridade. Nestes modelos citadinos, faz todo o sentido haver uma transição natural da velocidade, até por uma questão de condução preventiva.
Por 1.799 euros, não encontras no mercado assim tantas hipóteses que incluam uma montagem cuidada com marcas de renome, com estes acabamentos e sobretudo com esta qualidade de construção
A travagem também foi confiada à Shimano, mais concretamente aos travões hidráulicos de disco MT200 com rotores de 180 mm nas duas rodas. São potentes, doseáveis e a sua manutenção é muito fácil.
Por seu lado, a transmissão foi confiada ao grupo Altus também da Shimano. Trata-se de um grupo de entrada de gama com 9 velocidades, complementado com um monoprato de 38 dentes na dianteira (com a devida proteção, como seria de esperar numa bicicleta citadina). A desmultiplicação atrás tem 11-36 dentes, a qual serve para a maioria das situações e apenas se faltar a bateria e se a pendente do percurso for realmente elevada é que poderemos ficar em maus lençóis, caso contrário, cumpre perfeitamente o seu papel. O grupo Altus requer um pouco mais de atenção numa utilização em bicicletas elétricas, pois as transmissões neste tipo de velocípedes sofrem mais carga e pressão do que nas bicicletas normais, pelo que a comutação das mudanças deve ser precavida para evitar dissabores.
O sistema de iluminação foi confiado à marca Axa, tanto na dianteira como na traseira. O espectro de iluminação está bem elaborado, sendo luzes potentes, fiáveis (pelo menos durante o nosso teste) e - no caso da dianteira - perfeitamente ajustável. Para ligar ou desligar basta carregar no botão específico existente no computador de bordo. O cockpit é composto por um avanço ajustável (0 a 90 graus) e por um guiador de 660 mm. No cockpit também encontramos uma sempre útil campainha. Destacamos ainda os ergonómicos e confortáveis punhos Herrmans.
As rodas - de 28 polegadas - são fabricadas em alumínio com paredes de dupla espessura, para a máxima resistência e incluem os excelentes pneus Continental Double Fighter 2.0 com cardado e banda lateral refletora. São altamente resistentes a furos e cortes e têm uma boa aderência em asfalto. Também podem ser usados em gravilha compactada ou corta-fogos.
Nos periféricos destacamos ainda o confortável selim Selle Royal Essenza, os práticos guarda-lamas (usámos em dias de chuva e cumpriram totalmente a sua função), o porta-carga traseiro e o sempre útil descanso.
A rolar é muito desenvolta, sem atritos ou perdas de velocidade após o corte do motor e até é enérgica em saídas de curva ou em zonas onde temos de ziguezaguear, contrariando o seu peso. Aliás, só notamos que pesa mais de 20 kg se tivermos de subir escadas ou algo parecido. Tem muita aderência a curvar, é muito fiável e proporciona confiança não só em meio urbano, mas também em qualquer piso compacto que encontre.
Apenas ressalvamos dois aspetos: a não existência do tamanho S - pois apenas estão disponíveis o M (para pessoas entre 1.65 e 1.79m) e o L (para quem mede mais de 1.80m), e a inexistência de uma direção com rotação limitada. Neste tipo de velocípedes pesados (a nossa versão em tamanho L pesava pouco mais de 22 kg), ao deixarmos a bicicleta parada com o descanso, o guiador tem tendência para rodar para um dos lados, batendo a manete de travão no tubo horizontal. A longo prazo, e na pior das hipóteses, isto pode acarretar algum dano ou alterar a pintura.
Em todo o caso, e no cômputo geral, por 1.799 euros, não encontras no mercado assim tantas hipóteses que incluam uma montagem cuidada com marcas de renome, com estes acabamentos e sobretudo com esta qualidade de construção. Isso nota-se não só no silêncio quando pedalamos - o que denota muito cuidado na montagem e savoir faire - mas também nos pequenos detalhes como a ergonomia de todos os componentes importantes.
Este é o tipo de bicicleta que nos deixa despreocupados nas nossas deslocações e que - preto no branco - nos indica qual a carga restante/autonomia, sem informações supérfluas ou desnecessárias para o dia a dia. E para além deste modelo C500 Trekking com top tube, existe ainda uma versão C500 Urban Motion sem esse tubo, para ser mais fácil montar/desmontar da bicicleta. Ambos os modelos estão disponíveis em preto, azul e no branco que mostramos neste artigo.
Poderás descobrir mais detalhes em www.beeq-bicycles.com.