Embora a Soudal-Quick Step tenha feito um trabalho exemplar de preparação para Remco Evenepoel, com a preciosa ajuda do seu gregário de luxo Mikel Landa, a verdade é que nos últimos metros da subida ao Alto da Fóia, Daniel Felipe Martínez (BORA-hansgrohe) conseguiu bater o astro belga ao sprint, vencendo a segunda etapa da Volta ao Algarve.
Esta vitória permite ao colombiano liderar a classificação geral, obtendo assim um dos objetivos que ambicionava (lembramos que ganhou esta prova em 2023). Atrás de Martínez e Evenepoel ficaram nesta etapa Sepp Kuss, Sergio Higuita, Jan Tratnik, Tom Pidcock, Tao Geoghegan Hart, Thymen Arensman, Landa, entre outros. Só pelos nomes que mencionámos dá para ter uma noção do elevado nível presente na "Algarvia".
Como confessaram alguns ciclistas no final, esta subida da Fóia com os seus 7,5 km a 5,9% de pendente média foram penosos de cumprir porque muitos ciclistas embora já tenham algum ritmo competitivo ainda não tinham realizado subidas esta temporada com esta duração e intensidade.
O "FILME" DA JORNADA
Como não podia deixar de ser numa jornada como esta, uma fuga consentida logo na parte inicial desta ligação entre Lagos e o Alto da Fóia levou oito ciclistas a tentar a sua sorte: Max Walker (Astana), Aleksandr Grigorev (Efapel), Martin Urianstad (Uno-X), Pedro Silva (ABTF Betão-Feirense), Ruben Simão (AP Hotels-Tavira), Oliver Rees (Sabgal / Anicolor) e César Martingil bem como Gonçalo Amado da Tavfer-Ovos Matinados.
Este grupo chegou a ter mais de cinco minutos de vantagem sobre o pelotão, facto que obrigou a equipa do líder, a Intermarché, bem como a Soudal-Quick Step, que contava com o ataque final de Evenepoel, a responder, impondo um ritmo mais forte na perseguição.
Depois, foi a vez da equipa Uno X tentar a sua sorte, atacando de longe, com o objetivo de lançar Andreas Leknessund e Jonas Abrahamsen em direção aos fugitivos. Abrahamsen não conseguiu aguentar o ritmo e foi apanhado pelo pelotão, enquanto Leknessund conseguiu entrar no grupo - fazendo com que a sua equipa saísse do comboio de perseguição no pelotão - e na penúltima subida do dia, no Alto da Pomba, o ciclista da Uno-X fugiu em busca da vitória. Todavia, hoje não era o seu dia e na parte inicial da subida ao Alto da Fóia foi absorvido.
A Lotto-Soudal tinha grandes expetativas para hoje e tudo fez para ganhar, obrigando Mattia Cattaneo e James Knox a "esvaziarem todas as suas forças" com o objetivo de lançar Landa e o líder da equipa. O ritmo imposto pela equipa belga não dava descanso e somente 20 ciclistas aguentaram o andamento. Foi nessa altura que o jovem suíço Jan Christen (UAE Team Emirates) atacou, mas Mikel Landa respondeu e voltou a colocar todos em sentido. Na sua roda, Evenepoel atacou quando faltavam 300 metros para a meta. Tudo estava bem encaminhado até que a resposta de Dani Martínez surpreendeu o belga, ganhando a etapa e ficando com a liderança da prova.
“A equipa queria ganhar esta etapa, comigo ou com o Sergio Higuita e saímo-nos muito bem. Remco Evenepoel iniciou o sprint e eu estava à espera que isso acontecesse. Nessa altura, com vento de frente, sabia que tinha de entrar à frente na curva. Dei o máximo na última curva e percebi que dificilmente seria ultrapassado.
Na classificação geral, o colombiano tem 4 segundos de vantagem sobre Evenepoel e 12 sobre Kuss. Higuita é quarto a 16 segundos.
António Morgado (UAE Emirates) foi o melhor luso na 11ª posição (foi também o melhor jovem) e quanto aos portugueses que correm por estruturas lusas, Helder Gonçalves, da Radio Popular-Paredes-Boavista foi 26º.
Na classificação geral, o mellhor português em prova é Morgado em 11º lugar.