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Volta a Itália: Josef Černy ganha em Asti numa etapa marcada pela revolta do pelotão

Um protesto dos ciclistas encurtou para metade a quilometragem desta etapa, na qual o pelotão abdicou por lutar pela vitória, entregando a vitória aos envolvidos na fuga do dia.

Carlos Pinto / Foto: Bettini

Volta a Itália: Josef Černy ganha em Asti numa etapa marcada pela revolta do pelotão
Volta a Itália: Josef Černy ganha em Asti numa etapa marcada pela revolta do pelotão

O checo Josef Černy (CCC Team) ganhou a 19ª etapa da Volta a Itália, a qual ficou marcada por um protesto dos ciclistas na partida, o que obrigou a organização a reduzir a quilometragem dos 258 km previstos para os 125. Isto, obviamente vai ter consequências, segundo o diretor do Giro, Guido Mauro Vegni. Além deste protesto, a maior parte do pelotão comportou-se como se de um passeio se tratasse, renunciando a lutar pela vitória. Por isso, a fuga de 14 elementos que se formou logo após o tiro de partida foi bem sucedida.

Os ciclistas protestaram não só devido à quilometragem da jornada de hoje (258 km) logo após uma etapa agoniante como a de ontem no Stelvio, mas também devido à climatologia que os ciclistas estão a apanhar (muita chuva e frio) - alguns médicos das equipas dizem que já há ciclistas debilitados devido aos seus sistemas imunitários estarem em sobrecarga devido à dureza e clima da prova -, e há equipas que reclamam que os transfers entre os finais de etapa e os hoteis demoram muito tempo, o que não é compatível com o desporto de alta competição - desse modo, os ciclistas não conseguem descansar e alimentar-se convenientemente, além de que toda a logística inerente (massagens, lavagem de bicicletas, preparação do dia seguinte) tem sido difícil de gerir. Há ainda outro ponto crítico: a questão da segurança. Os ciclistas continuam a dizer que pouco ou nada foi feito para assegurar a segurança dos ciclistas profissionais.

Quanto à etapa, Černy (CCC) formou parte dessa fuga juntamente com Albert Torres, Victor Campenaerts, Sander Armée, Alex Dowsett, Simon Pellaud, Giovanni Carboni, Lachlan Morton, Jacopo Mosca, Nathan Haas, Marco Mathis, Iljo Keisse, Simon Clarke e Etienne Van Empe.

Depois de vários quilómetros a tentar eliminar a fuga, a Bora-hansgrohe de Peter Sagan, "farta" de não receber a ajuda de nenhuma equipa, decidiu abortar a cerca de 56 km do final.

Nenhuma equipa tomou a iniciativa e a diferença dos fugitivos que nessa altura era de apenas um minuto disparou para os 6... até alcançar os mais de 11 minutos. Uma jornada de rebeldia, que irá ter consequências.

A partir desse momento, todas as atenções concentraram-se na fuga, com a vitória parcial como motivo extra de interesse. Após uma seleção inicial de 14 elementos, a 22 km da meta em Asti, Josep Cerny (CCC) lançou um ataque fortíssimo, deixando para trás os seus companheiros de fuga nesse momento: Campenaerts, Mosca, Armée, Keise e Clarke.

Cerny foi aumentando a sua vantagem, mantendo-a até ao fim. Foi a sua primeira vitória numa grande volta e nenhuma das suas seis anteriores como profissional foi numa prova World Tour. Cerny, aos 27 anos, ainda não tem equipa garantida em 2021 e esta pode ter sido a sua oportunidade para que tal aconteça.

Amanhã será mais uma etapa dura de montanha com três subidas ao Sestrière, seguindo-se no domingo o contrarrelógio de 15,7 km em Milão. Será que João Almeida conseguirá manter o quinto lugar final ou eventualmente até melhorar esta posição? E Ruben Guerreiro? A camisola azul está garantida, mas será que o ciclista de Pegões tentará amanhã mostrar a sua raça? Dê-nos a sua opinião comentando esta notícia.

CLASSIFICAÇÃO DA 19ª ETAPA

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CLASSIFICAÇÃO GERAL

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