Durante meses muito se falou acerca do Tour e da quase ausência de contrarrelógio, mas a verdade é que os míseros 22,4 km provavelmente decidiram o resultado final da prova, excepto se acontecer algum acidente ou reviravolta. Jonas Vingegaard fez um contrarrelógio histórico ganhando uma vantagem inacreditável de 1m38 sobre o seu principal rival, Tadej Pogacar.
O esloveno da UAE Emirates só poderá tentar inverter a situação nas etapas de montanha que ainda faltam com um ataque à antiga, ou seja, de longe. É jovem, tem um ADN de campeão e certamente o fará, excepto se a equipa não o permitir.
Aquilo a que assistimos hoje por parte de Vingegaard foi estratosférico, surreal. Um dos melhores contrarrelógios a que assistimos e que certamente ficará para a história da modalidade. Ainda por cima hoje era duro, com os 6 km finais em subida, incluindo Cote de Domancy (2,5 km a 9,4%).
Desde o início o dinamarquês foi pulverizando todos os tempos anteriores até ganhar com diferenças abismais para uma distância tão curta. No primeiro ponto intermédio (situado ao km 7) já tinha uma vantagem de 16 segundos sobre Pogacar, no segundo ponto (km 16) tinha 31s, no terceiro (km 18,9), após a subida de segunda categoria já ía com 1m05 e na meta 1m38. "Foi o melhor contrarrelógio da minha vida", reconheceu no final.
Não podemos dizer que a atuação do esloveno foi "frouxa", porque superou os restantes rivais (grandes especialistas como Wout van Aert e Cavagna) em mais de um minuto. Mas pura e simplesmente a performance de Vingegaard foi de outra galáxia. O seu colega de equipa Van Aert foi terceiro, a 2m51! O espanhol Pello Bilbao foi quarto, a 2m55 e Simon Yates terminou em quinto a 2m58.
O sétimo no crono de hoje foi Adam Yates, que desta forma entra na luta pelo terceiro lugar ao superar Carlos Rodríguez em 24 segundos. O espanhol caiu para o quarto lugar da geral, mas a somente 5 segundos do ciclista da UAE Emirates, portanto a luta continua acesa para as duas etapas de montanha que ainda faltam. Por seu lado, Jai Hindley parece estar fora dessa luta, dado que perdeu muito tempo e está agora a 2m23.
Amanhã será a etapa rainha, a 17ª. Pela frente o desgastado pelotão terá três subidas (Col de Saises - 13,4 km a 5,1% -, Cormet de Roselend - 19,9 km a 6% -, e Cote de Longefoy - 6,6 km a 7,5%), mais o interminável Col de la Loze, com os seus 28,1 km a 6% de pendente média com rampas que chegam aos 24% na parte final (os últimos 5 km não baixam dos 9 ou 10%). Depois, os ciclistas descem numa estrada muito técnica e o quilómetro final será explosivo, com 18% de inclinação, até chegar ao aeródromo de Courchevel.