Os ciclistas tiveram em Saint-Gervais Mont Blanc o segundo dia de descanso antes de enfrentarem a semana final daquela que está a ser a melhor edição da Volta a França dos últimos tempos, com um duelo entre dois titãs. Ambos estão vários furos acima da concorrência e isso é notório em cada etapa de montanha. Só 10 segundos separam Jonas Vingegaard de Tadej Pogacar, e a sensação com que ficamos é que ambos estão em igualdade em termos de forma. Três etapas decidirão a corrida e vamos explicar quais são.
Após a dupla jornada nos Alpes, que desgastou todo o pelotão e que se traduziu num empate técnico entre o dinamarquês da Jumbo-Visma e o esloveno da UAE Team Emirates, a recuperação surge como elemento fundamental depois de duas semanas duríssimas. O mínimo sinal de fraqueza ou uma desatenção ou azar ditarão o rumo da história.

Além da luta pela camisola amarela, o terceiro lugar do pódio também é um dos motivos de interesse dos fãs da Volta a França, em especial dos espanhóis, que apostam no sucesso de Carlos Rodríguez (INEOS Grenadiers). No entanto, o britânico Adam Yates (UAE Emirates) também pretende lutar por esse lugar, embora a sua tarefa principal seja ajudar o seu líder, Tadej Pogacar. A sua veterania e experiência face à juventude do espanhol podem ser fatores decisivos. Por outro lado, não podemos descartar completamente Jai Hindley (BORA hansgrohe), que apesar de ter perdido algum gás nas etapas alpinas, continua na luta.
Na classificação da montanha também há alguma incerteza, dado que quatro ciclistas têm a possibilidade de ganhar esta camisola: Giulio Ciccone, que atualmente lidera com 58 pontos, Neilson Powless (também com 58 pontos), Jonas Vingegaard (com 54) e Tadej Pogacar (com 48).
A última semana tem três dias de teórica transição - ideais para uma luta ao sprint - e três etapas chave que decidirão o pódio final: um contrarrelógio de 22 km com uma subida na parte final (2,5 km a 9,4% e com rampas de 15%), e duas etapas de alta montanha, entre elas a etapa rainha deste Tour, a 17ª (na quarta feira), com final em Courchevel e o interminável Col de la Loze (28,1 km a 6%) como subida chave.
Se ainda houver algo para ser resolvido, a penúltima etapa tem um explosivo percurso por Vosgos, com seis subidas pontuáveis e ainda a subida a Platzerwasel (7,1 km a 8,4%, muito perto da meta) como último cartucho para a tentativa de assalto final à camisola amarela.
AS ETAPAS DA ÚLTIMA SEMANA DO TOUR SÃO ASSIM:
O contrarrelógio de terça feira é o único deste Tour. Tem 22,4 km com 650 metros de desnível, concentrados na parte final numa subida de segunda categoria (Cote de Domancy, com 2,5 km a 9,4%). Depois, seguem-se outros 3,5 km em terreno ascendente até à meta em Combloux.
16ª etapa. 18 de Julho. Passy - Combloux (CRI). 22,4 km
Depois do contrarrelógio chega a etapa rainha (a 17ª), na qual depois de três subidas (Col de Saises - 13,4 km a 5,1% -, Cormet de Roselend - 19,9 km a 6% -, e Cote de Longefoy - 6,6 km a 7,5% -) os ciclistas terão de enfrentar a interminável Col de la Loze, com os seus 28,1 km a 6% de pendente média, com rampas que chegam aos 24%! O Tour poderá ser decidido aqui, já que a chegada à meta envolve uma descida muito técnica e um explosivo quilómetro final a 18%, até ao heliporto de Courchevel.
17ª etapa. 19 de Julho. Saint-Gervais Mont Blanc - Courchevel. 165,7 km
Seguem-se duas etapas planas, com chegadas em Bourg en Bresse e Poligny, que certamente serão aproveitadas pelos sprinters. Serão dois dias de acalmia para os favoritos.
18ª etapa. 20 de Julho. Moûtiers - Bourg-en-Bresse. 184,9 km
19ª etapa. 21 de Julho. Moirans-en-Montagne - Poligny. 172,8 km
No sábado, a explosiva etapa nos Vosgos poderá ser o palco ideal para fugas. Será uma jornada continua em sobe e desce, com seis subidas pontuáveis concentradas em 133,5 km - entre elas o mítico Balão da Alsacia - e o duro Col de Platzerwasel (7,1 km a 8,4%) situada a 8 km da chegada.
20ª etapa. 22 de Julho. Belfort - Le Markstein. 133,5 km
21ª etapa. 23 de Julho. Saint-Quintin-en-Yvelines - París. 115 km