Depois de um defeso prolongado, a temporada de 2022 recomeçou a meio gás, dado que alguns ciclistas do pelotão nacional estiveram confinados em Dezembro e em Janeiro devido ao Covid 19, o que atrasou a sua preparação para a presente temporada. Isso notou-se no ritmo de alguns ciclistas, o que é perfeitamente normal.
A chuva (e algum frio) fez questão de marcar presença na prova de abertura, que decorreu em Águeda, casa de inúmeras empresas ligadas não só à produção de acessórios, componentes e quadros de bicicletas, bem como à montagem de bicicletas de marcas consagradas a nível internacional. Além do mais, Águeda acolhe alguns dos principais patrocinadores do pelotão nacional, o que por si só demonstra a importância e a pujança desta região.
A prova - pontuável para a Taça de Portugal - foi feita a bom ritmo, apesar da chuva incessante, e ninguém quis correr riscos, tendo somente na subida de Talhadas começado as hostilidades. Foi nessa altura que tanto António Carvalho (Glassdrive-Q8-Anicolor) como António Ferreira (Kelly-Simoldes-UDO) atacaram, formando a primeira fuga do dia. Este primeiro "alerta à navegação" fez com que os diretores desportivos tivessem de tomar decisões, por isso foi com naturalidade que mais homens se juntaram à fuga, perfazendo um grupo de oito unidades. Na contagem de montanha, José Neves (W52-FC Porto) mostrou os seus dotes de trepador e venceu essa classificação parcial.
Seguiu-se uma descida que recomendava alguma precaução, dado que a estrada estava bastante molhada, mas o pelotão seguiu endiabrado já com o intuito de apanhar o grupo de fugitivos. Na dianteira, Neves, César Fonte (Kelly-Simoldes-UDO) e uma dupla da formação algarvia Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel (Alvaro Trueba e Emanuel Duarte), mantinham o intuito de tentar chegar à meta e discutir a corrida nos metros finais, mas este quarteto não teve vida fácil dado que as restantes equipas não envolvidas na fuga tinham interesses óbvios.
A contenda durou até cerca do quilómetro 140 e foi nessa altura que o pelotão impôs um ritmo impóprio para cardíacos, absorvendo os fugitivos. O portista José Neves ainda tentou seguir em solitário, mas a cerca de 10 km para a meta viu que não tinha hipóteses de levar a sua intenção avante e deixou-se absorver.
A aproximação à meta foi nervosa, aliás como é sempre no início da temporada, e um ataque incipiente a 400 metros da meta colocou todos em suspense. Contudo, os sprinters puros fizeram valer as suas qualidades e encetaram um ataque potente. Foi o caso de Leangel Linarez, que a 100 metros impôs um sprint vigoroso, acabando por bater Tomás Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) e César Martingil (Rádio Popular-Paredes-Boavista), segundo e terceiro, respetivamente.
“O sprint foi um pouco confuso. Um homem atacou a 400 metros. Temi não o alcançar, mas tive boas pernas e consegui triunfar. É uma vitória muito especial para mim, a primeira ao serviço da equipa de Mortágua. Dedico-a ao mentor deste projeto, Pedro Silva. É uma pena que não esteja connosco na Terra, mas onde está vê-nos e apoia-nos”, afirmou, emocionado, Leangel Linarez.
Lembramos que este venezuelano também venceu uma etapa ao sprint no GP Jornal de Notícias em 2019 num dia de chuva, o que demonstra a sua "veia" para dias medonhos como este.
Quanto à classificação da montanha, José Neves foi o vencedor, tendo António Carvalho e César Fonte ficado com as metas em disputa.
Na classificação da juventude, o pupilo de Rúben Pereira, Pedro Silva (Glassdrive-Q8-Anicolor) foi o vencedor. Aliás, a equipa ganhou a classificação coletiva correndo em casa, umas horas depois de ter feito a sua apresentação oficial ao público.
Segue-se no calendário nacional a Volta ao Algarve, que decorre de 16 a 20 de Fevereiro.