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Tim Merlier é o novo Campeão da Europa de ciclismo

Uma avaria em pleno sprint retirou a Rui Oliveira a oportunidade de discutir as posições de honra na prova de fundo para elite do Campeonato da Europa de Estrada, que decorreu na Bélgica.

EFE e José Carlos Gomes. Fotos: Sprint Cycling Agency

Tim Merlier é o novo Campeão da Europa de ciclismo
Tim Merlier é o novo Campeão da Europa de ciclismo

O belga Tim Merlier ganhou o Campeonato da Europa de ciclismo batendo ao sprint o neerlandês Olav Kooij e o estoniano Madis Mihkelis. A prova decorreu ontem entre Heusden-Zolder e Hasselt (Bélgica) ao longo de 222,9 km. 

Merlier, que tem 31 anos de idade, obteve a 14ª vitória desta temporada e o seu primeiro título europeu, embora em 2022 já tenha sido medalha de bronze nos Europeus de Munique. 

A prova ficou marcada, como se esperava, pelos ataques do neerlandês Mathieu van der Poel e do dinamarquês Mads Pedersen, mas foi na reta final da meta, em Hasselt, que a seleção belga optou por uma tática mais aberta, permitindo a dois exímios finalizadores - Merlier e Jasper Philipsen - discutirem entre si a vitória. Philipsen encontrou a melhor linha de ataque, mas Merlier teve uma ponta final mais forte pelo lado exterior e ganhou a prova. 

Foi a 48ª vitória como ciclista profissional de Merlier e a 14ª esta temporada. Só Tadej Pogacar tem mais vitórias esta temporada (21). Além do mais, este é o primeiro título europeu obtido pela Bélgica na prova de fundo. 

PORTUGUESES ESTIVERAM EM EVIDÊNCIA

Ivo e Rui Oliveira colocaram Portugal sempre em evidência e na discussão dos primeiros lugares, mas um toque entre ciclistas, em pleno sprint, fez saltar fora a corrente da bicicleta de Rui Oliveira, que ficou completamente presa, impedindo o corredor português de pedalar nas últimas centenas de metros, quando iria ser lançado o sprint.

Na altura, Rui Oliveira estava bem colocado e em condições de bater-se pelas posições cimeiras, mas devido a este percalço, acabou por ser relegado para a 36.ª posição, a 10 segundos do vencedor.

“Estive no grupo que mexeu com a corrida, ataque nesse grupo duas ou três vezes, ainda consegui recuperar para o sprint, mas estava mesmo a sentir-me confiante. Sentia mesmo boas pernas. Fiz uma boa aproximação, atrás da Itália. Nos últimos metros apanhei a roda do Philipsen, que vinha por fora, a gastar um pouco. Vi a placa dos 500 metros, percebi que era cedo para arrancar. Esperei um pouco e quando ia na roda do Jasper Philipsen tive um toque do Olav Kooij, bati noutro ciclista e a corrente ‘engelhou-se’. Não consegui voltar a colocar a corrente”, lamenta o ciclista português.

As más notícias para Portugal começaram logo pela manhã, com a doença de Iúri Leitão a impedir o campeão olímpico de pista de competir. Mas a Seleção Nacional não desmoralizou e começou imediatamente ao ataque, com Ivo Oliveira a integrar uma fuga de cinco corredores que comandou a corrida durante cerca de 100 quilómetros.

A iniciativa só seria anulada em pleno Circuito de Limburgo, na sucessão de troços de empedrado, estrada estreita e subidas curtas, a cerca de uma centena de quilómetros do final. Mas, com Ivo Oliveira absorvido, o irmão logo colocou Portugal novamente em evidência.

Durante cerca de 40 quilómetros sucederam-se as movimentações, com nomes fortes, como o campeão mundial Mathieu van der Poel, e Rui Oliveira esteve envolvido na maior parte. Em muitos casos, foi mesmo o mais trabalhador na procura de distanciar-se do pelotão.  

Entretanto, o segundo azar do dia bateu à porta de Portugal. Ivo Oliveira foi vítima de furo, sinalizou a situação, mas o carro de apoio português nunca foi chamado pelo rádio-volta para prestar assistência. Ivo Oliveira foi tentando pedalar, apesar da avaria, mas acabou por ver o grupo dos favoritos distanciar-se até ser alcançado pelo carro de apoio. Foi um atraso irreversível, que ditaria o abandono do corredor.

“Acho que mostrei do que sou capaz e tenho plena confiança de que posso fazer um resultado muito grande na estrada e vou continuar a lutar por isso”, referiu Rui Oliveira.

“O Ivo e o Rui são corredores com qualidade e experiência neste tipo de corridas e de percursos. Fizeram uma corrida excecional. Estiveram sempre presentes nos momentos de discussão da corrida. Tiveram um grande desempenho que só a falta de sorte impediu que fosse também um grande resultado”, resume o selecionador nacional, José Poeira.

Na prova de sub-23 feminina, Daniela Campos foi a 15.ª classificada. 

“Preferia que o circuito tivesse mais caraterísticas urbanas, com estradas mais estreitas e viragens. O que encontrámos foi um percurso quase sempre em estrada larga, favorecendo as seleções mais numerosas e fortes com sprinters puras. Neste contexto estou muito feliz com o meu desempenho e com o resultado final”, afirma Daniela Campos.

Na prova feminina para juniores, Raquel Dias foi a melhor corredora da Seleção Nacional, sendo a 34.ª classificada no final dos 72,9 quilómetros.

As corredoras encontraram um percurso totalmente plano, com o troço de ligação entre Zolder e Hasselt a ser complementado com três voltas ao circuito urbano dentro desta cidade. O pelotão esteve sempre compacto, tendo sido as várias quedas a fracionar o grupo e a fazer a seleção de valores.

O ritmo foi variando, com períodos de grande aceleração, que alongavam o pelotão, e outros de maior acalmia, em que o grupo ocupava toda a largura da estrada. Este pára-arranca, sempre num patamar elevado de dificuldade, não assentou bem a Daniela Simão, que desistiria por nunca ter encontrado o ritmo certo.

Já Raquel Dias e Maria Constança Marques resistiram no pelotão. Uma queda coletiva à entrada para a última volta encontrou as duas portuguesas mais atrás, obrigando-as a um esforço extra para reentrar no grupo, depois de terem ficado “cortadas”. Esse adicional de dificuldade foi pago por Maria Constança Marques, que perdeu o contacto com o pelotão a três quilómetros da meta.

Raquel Dias
Raquel Dias

Com muitas ciclistas em condições de lutar pela vitória, nova queda coletiva, em pleno sprint, deixou o pelotão partido em dois. Na frente, a neerlandesa Puck Langenbarg triunfou, diante da alemã Messane Bräutigam e da checa Stepanka Dubcová, que a acompanharam no pódio.

Raquel Dias, que vinha na retaguarda do grupo, teve de contornar a queda para cortar a meta, fazendo-o na 34.ª posição, a 28 segundos da vencedora. Maria Constança Marques foi a 57.ª, a 1m32s.

Por sua vez, na categoria júnior masculina, Daniel Moreira foi o melhor elemento da Seleção, terminando na 58.ª posição. No grupo de Daniel Moreira chegou ainda Gonçalo Rodrigues, 69.º classificado. A 7m40s do vencedor chegaram Guilherme Mestre, 91.º, José Miguel Moreira, 104.º, e João António, 105.º. Adrián Pacho não terminou a corrida.

Nos sub-23, Gonçalo Tavares e Noah Campos terminaram a prova integrados no pelotão principal. João Silva não se adaptou ao ritmo da corrida, acabando por abandonar.

“Esta prova não tem o perfil que melhor encaixa nos corredores portugueses, mas destaco o Gonçalo e o Noah que conseguiram prestações de qualidade. O Gonçalo, mais experiente em termos internacionais, teve o azar da fuga, que lhe condicionou a corrida, porque aconteceu quando tudo se estava a decidir. O Noah, na sua primeira experiência a este nível, deixou excelentes indicações para o futuro e para este tipo de corridas”, considera o selecionador nacional, José Poeira.

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