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Roglic fala sobre a sua derrota no Tour: "Foi brutal; devastadora"

"Prefiro recordar que lutei a cada metro da prova", disse o ciclista da Jumbo-Visma numa entrevista ao jornal diário L´Equipe.

Carlos Pinto / Foto: Bettini

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Roglic fala sobre a sua derrota no Tour: "Foi brutal; devastadora"

O esloveno Primoz Roglic é um ciclista que raramente dá entrevistas e nunca mostra as suas emoções. Mas agora, numa entrevista ao jornal diário L´Equipe, abordou a parte mais sentimental após a dura derrota na Volta a França de 2020. Lembramos que no Tour o seu compatriota Tadej Pogacar "roubou-lhe" a vitória ao fazer um espetacular contrarrelógio em La Planche des Belles Filles.

"A derrota foi brutal, devastadora. Mais ainda pelas pessoas que estavam à minha volta do que por mim. Sou uma pessoa que gosta de evoluir, não fico obcecado com um resultado", disse Roglic ao L´Equipe.

"Embora o segundo lugar tenha sido frustrante nessa altura, continua a ser um grande resultado. Disse aos meus colegas de equipa que a nossa vitória demonstrou quão fortes eramos como equipa. Era isso que queríamos fazer antes do início da prova e foi isso que conseguimos. Mas, claro, não ganhei, umas vezes ganha-se, outras perde-se. Quando se faz tudo o que é possível, temos de aceitar", referiu o esloveno da Jumbo-Visma.

Meses depois de ter terminado o Tour, Roglic reconheceu que deveria ter tentado aumentar um pouco a sua vantagem sobre o seu compatriota. "Podería ter conseguido mais alguns segundos em vários momentos diferentes da prova, mas nunca seriam suficientes para os quase dois minutos necessários. Prefiro lembrar que lutei a cada metro da prova", rematou Roglic.

Acerca da prestação de Tadej Pogacar naquele contrarrelógio que virou do avesso a geral do Tour, Roglic disse ao L´Equipe que "Não foi estranho, foi surpreendente". E explicou a sua afirmação: "Ele nunca tinha demonstrado que seria capaz de o fazer, até esse momento em que arrasou no contrarrelógio. Em algumas etapas, anteriormente, estava no limite, a ponto de descair. Ninguém podia imaginar que ainda tinha energia".

 

Na entrevista ao jornal francês, Primoz Roglic também falou do capacete que usou nesse dia e que tanto foi comentado nas redes sociais por parecer demasiado grande para a sua cabeça, o que deu ainda mais impacto à sua derrota: "Devia ter levado o modelo antigo, aliás, disse isso à equipa antes do contrarrelógio, mas asseguraram-me que este era mais aerodinâmico", explicou. "Mas só perdi alguns segundos... Se não estivesse no auge no Dauphiné, se não me tivesse lesionado antes do Tour, poderia ganhar. Mas o que é que se pode fazer? Agora não há nada a fazer".

Em vez de ficar deprimido após o que aconteceu no Tour, o esloveno decidiu continuar a correr e obteve grandes resultados: foi sexto no Mundial de Imola, ganhou a Liége-Bastogne-Liége e depois ganhou pela segunda vez consecutiva a Volta a Espanha. "Nem sequer me passou pela cabeça deixar de competir depois do Tour" - apressou-se a salientar. "Amo o que faço. Tenho 31 anos e sei que não durarei para sempre. Quero aproveitar o momento em que estou em forma, não quero defraudar as minhas expetativas. Quando terminou a Volta a França, disse a mim mesmo que tinha trabalhado muito e que não podia ficar por ali. Queria mais."

O esloveno explicou nesta entrevista que não fica obcecado com os resultados e que desfruta mais com o caminho que percorre até os conquistar: "Quero ser o número um mas, na verdade, o que mais gosto é da preparação (...). Aliás, é prejudicial ter somente a vitória como objetivo. Se for segundo, terminou aí, pois já não encontras força para começar de novo. Isso impede desfrutar da preparação. Eu estarei sempre feliz se na próxima temporada conseguir melhorar 0,5 por cento", concluiu.

Aos 31 anos, Primoz Roglic inicia a sua sexta temporada na Jumbo-Visma, com um calendário que inclui como provas a Paris-Nice, Itzulia, Fléche-Wallone e Liége-Bastogne-Liége, antes de enfrentar a partir de final de junho o grande objetivo desta temporada, a Volta a França.