comitium

Portugal conquista duas medalhas de bronze em dia de sonho nos mundiais

A seleção nacional esteve em destaque no Campeonato do Mundo de Pista, em Saint-Quentin-en-Yvelines, França, subindo por duas vezes ao pódio. Maria Martins conquistou a medalha de bronze no concurso de omnium e Ivo Oliveira foi o terceiro melhor na disciplina de perseguição individual, batendo ainda aquela que era o melhor registo a nível nacional.

Ana Nunes (FPC) / Fotos: António Borga

Portugal conquista duas medalhas de bronze em dia de sonho nos mundiais
Portugal conquista duas medalhas de bronze em dia de sonho nos mundiais

Maria Martins começou muito bem o seu concurso de omnium, terminando a prova de scratch na oitava posição. Seguiu-se a corrida tempo, na qual a ciclista portuguesa conseguiu subir na geral até ao quinto lugar. Esta melhoria resultou da conquista de uma volta bónus, após a qual somou 20 pontos, e ainda de dois sprints ganhos.

Maria Martins partiu para a terceira prova do concurso de omnium entre as melhores da geral, mas logo após a primeira eliminação acabaria por sofrer uma queda. Felizmente, este azar não impediu a corredora portuguesa de continuar em prova, colocando-se rapidamente numa posição segura na frente do pelotão. Esta colocação perfeita permitiu-lhe continuar em prova até às últimas quatro eliminações, tendo concluído, precisamente, no quarto lugar.

Foi da quarta posição na geral que Maria Martins partiu para a corrida por pontos, empatada com a terceira classificada, Anita Stenberg (Noruega). A corrida fez-se sempre de forma bastante tática, dado que as diferenças pontuais eram bastante pequenas, com as atletas a não quererem dar nenhum passo em falso. Foi já na segunda metade da prova que começaram os ataques, com Maria Martins a manter-se sempre bem posicionada e a conseguir pontuar em dois dos sprints. Os pontos somados valeram-lhe a medalha de bronze na disciplina olímpica de omnium.

“É inacreditável ter conseguido esta medalha, ainda para mais numa disciplina olímpica e num campeonato do mundo de elite. Fiz uma corrida muito consistente e isso também foi o que levou a que conseguisse chegar à medalha. A queda não deixou mazelas que me pudessem prejudicar nas corridas seguintes e senti-me sempre bem até ao final da prova. Nunca coloquei as medalhas como objetivo, mas quando percebi que estava com o pódio na mira foi tentar agarrar o terceiro lugar com todas as minhas forças. Esta medalha é muito especial para mim, pois é a recompensa de todo o trabalho que tenho feito nestes últimos meses. Estou muito grata por toda a ajuda que tenho tido e pelo apoio de todos aqueles que têm estado ao meu lado. Estou mesmo nas nuvens com este dia e não podia pedir uma melhor forma de terminar esta época”, afirmou Maria Martins.

Ivo Oliveira partiu para a eliminatória da prova de perseguição individual com o objetivo de superar a sua melhor marca na disciplina, aquela que em 2020 lhe garantiu a medalha de ouro no Campeonato da Europa.

O português manteve um ritmo muito forte ao longo dos quatro quilómetros de esforço individual, o que resultou num tempo de 4’06’’704, oito décimas de segundo mais rápido do que o tempo que trazia como sendo o seu melhor até ao momento. O tempo conseguido deu também a Ivo Oliveira a oportunidade de ser um dos quatro apurados para a final, neste caso para discutir a medalha de bronze com o britânico Daniel Bigham.

Créditos Foto António Borga (2) cópia
 

Foi precisamente o corredor britânico que levou vantagem durante a primeira metade da prova, mas o português seguiu-o sempre de muito perto. Quando atingiram os dois quilómetros de prova, Ivo Oliveira passou para a frente no cronómetro e foi aumentando o ritmo com os olhos postos na medalha de bronze. No final dos quatro quilómetros o português foi mais forte, batendo o corredor britânico por mais de um segundo.

“Quando aqui cheguei não sabia exatamente qual seria o meu estado de forma, pois estive doente na semana passada. Quando percebi que o corpo estava a responder bem só queria conseguir bater o meu recorde pessoal. Na final, sabia que o corredor britânico já tinha competido ontem e que isso poderia jogar a meu favor, por estar mais desgastado. Nas voltas finais ouvia o selecionador a motivar-me e também o meu irmão que estava nas bancadas. Esse apoio deu-me muita força. Esta medalha é o resultado de muito esforço e sacrifício depois de no ano passado quase não ter competido. Para mim foi como ser campeão do mundo”, revelou Ivo Oliveira.

Nesta sexta-feira foi também dia de João Matias cumprir o seu primeiro dia de competição no Campeonato do Mundo de Pista. O minhoto participou na corrida por pontos, na qual teve de enfrentar adversários de grande nível, como Yoeri Havik (Países Baixos), Corbin Strong (Nova Zelândia) e Roger Kluge (Alemanha).

O português tentou manter-se sempre bem colocado no pelotão, mas as várias mudanças de ritmo e ataques acabaram por elevar a dificuldade da corrida. Foi a cerca de 60 voltas do final, após o décimo dos 16 sprints pontuáveis, que João Matias se colocou na frente do grupo, lançando o seu ataque. Conseguiu ganhar alguma vantagem, mas acabaria por não ter a oportunidade de dobrar o pelotão, sendo alcançado algumas voltas mais tarde.

A movimentação de João Matias não foi infrutífera, tendo amealhado cinco pontos. Mais tarde, pouco antes do 14.º sprint pontuável, procurou colocar-se na frente do pelotão, somando mais cinco pontos. No final de contas foram 10 os pontos somados por João Matias, que fechou esta corrida por pontos no 15.º lugar.

O selecionador nacional, Gabriel Mendes, não poderia estar mais feliz com a conquista das duas medalhas de bronze. “Vê-los conquistar as duas medalhas é um orgulho muito grande. Foram ambas fruto de muito trabalho e de um desempenho de excelência por parte deles. Sabíamos que o tempo do Ivo era muito bom e que se ele o conseguisse bater poderíamos ter a oportunidade de lutar pelas medalhas. Ele fez uma excelente prova, sempre muito equilibrada e nunca quebrou. Foi um espetáculo. A Maria fez um concurso de omnium muito bom. A capacidade que ela mostrou de ultrapassar as adversidades, após a queda que sofreu na corrida de eliminação, diz muito da grande atleta que ela é. Na última corrida esteve sempre no sítio certo nos momentos chave e tem muito mérito naquilo que fez. Foi um dia fabuloso”.

 

Arquivado em:

Rui Oliveira entre os melhores na corrida de scratch

Relacionado

Rui Oliveira entre os melhores na corrida de scratch

Maria Martins abre mundial de pista com 12.º lugar no scratch

Relacionado

Maria Martins 12ª no Mundial em scratch

Rui Costa assina contrato válido por um ano com a Intermarché Wanty Gobert

Relacionado

Rui Costa assina contrato válido por um ano com a Intermarché-Wanty-Gobert

Maria Martins sexta classificada no Europeu de estrada

Relacionado

Maria Martins sexta classificada no Europeu de estrada

Revista Ciclismo a fundo nº10 já nas bancas

Relacionado

Revista Ciclismo a fundo nº10 já nas bancas