Competição

Pidcock revalida título europeu

O britânico Tom Pidcock venceu a prova elite masculina do Campeonato da Europa de XCO que decorreu em Melgaço. O compatriota Charlie Aldridge foi segundo e o dinamarquês Simon Andreassen foi terceiro. Roberto Ferreira foi o melhor português. 

www.mountainbikes.pt. Fotos: Union Européenne de Cyclisme

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Pidcock revalida título europeu

Terminou o Campeonato da Europa de BTT em Melgaço com as provas finais de elite masculina e feminina. O muito calor que se fez sentir e o pó dificultaram ainda mais o andamento dos atletas num percurso que, do nosso ponto de vista, tinha todos os condimentos para uma prova deste nível.

Na elite masculina Tom Pidcock foi o vencedor. O britânico beneficiou de dois aspetos - ser muito leve e dar-se bem com pistas técnicas e duras - fazendo uma corrida praticamente sem erros, o que lhe valeu a vitória ao fim de 1h21. O também britânico Charlie Aldridge foi segundo, a 37 segundos e o dinamarquês Simon Andreassen fechou o pódio a 1m15. 

Foto: Union Européenne de Cyclisme

Quanto aos portugueses em prova, o campeão nacional em título, Roberto Ferreira foi único que terminou (a 7m50 do vencedor), dado que Ricardo Marinheiro, Bruno Neves e João Rocha abandonaram.

Nesta prova não faltaram quedas - Nino Schurter foi um dos envolvidos - e vários problemas mecânicos. Além disso, foram estreadas algumas bicicletas - e tecnologias - que serão adotadas nas coleções 2026. Iremos publicar alguns artigos precisamente sobre essas novidades ao longo dos próximos meses, em exclusivo nacional, aqui no site. 

JENNY RISSVEDS VOLTA A SORRIR

Jenny Rissveds é novamente uma mulher feliz. Depois de alguns anos afetada por uma forte depressão, a sueca venceu a prova feminina com uma margem confortável, mais de 1m20 sobre a britânica Evie Richards. A suíça Nicole Koller foi terceira, a 1m51. 

Raquel Queirós (campeã nacional em título) foi a melhor portuguesa, terminando no 18º lugar, a quase 10 minutos da vencedora, enquanto Ana Santos não terminou. 

CATEGORIAS JOVENS

O francês Adrien Boichis foi o vencedor na categoria sub-23. O dinamarquês Withen Albert Philipsen cortou a meta passados 10 segundos, e o suíço Finn Treudler chegou logo na sua roda. João Cruz foi o melhor luso (26º lugar), com o tempo de 1h18m19s, seguido por Rafael Sousa, 36º com 1h20m49s, e João Fonseca, que terminou na 40ª posição.

Nos júniores, a prova foi bastante renhida, mas também teve alguns percalços, nomeadamente problemas mecânicos em momentos críticos. O austríaco Anatol Friedl foi o vencedor, embora tenha discutido ao sprint a vitória com o italiano Federico Brafa. Tomás Pais foi o melhor português em Melgaço, ao concluir a corrida na 32ª posição. João Vigário terminou em 35º, Fernando Franco em 48º e Hugo Ramalho em 54º. Xavier Gaspar, Daniel Silva e Vasco Silva não terminaram a prova.

Ainda nesta categoria, mas na prova feminina,  Margarida Vasconcelos foi a melhor representante nacional, classificando-se na 33ª posição, com 4 voltas completas. Maria Coimbra completou apenas 3 voltas e terminou em 35º. A suíça Anja Grossmann foi a vencedora, seguida da eslovena Maruša Tereza Šerkezi e da checa Barbora Bukovská.

 

BALANÇO FINAL

Portugal tem excelentes condições para a prática da modalidade e nesse aspeto todos temos essa consciência e isso foi enaltecido pela União Europeia de Ciclismo. Mas se analizarmos o estado do BTT no nosso país encontramos desiquilíbrios estruturais profundos que, no fundo, estão a arrastar a modalidade para um beco sem saída. Há equipas com algumas condições financeiras - poucas, sejamos sinceros - e com planeamento de qualidade, mas a maioria apoia-se no amadorismo e na boa vontade de pessoas que são apaixonadas pela modalidade.

Foto: Union Européenne de Cyclisme

Temos atletas com potencial, mas, mais do que apoios - embora sem eles nada funcione - falta vontade de reestruturar todo o BTT, criando desde a base até ao topo uma estrutura capaz de captar talentos, dar-lhes formação, apoiá-los e seguir um rumo onde o profissionalismo é o último pilar. Geralmente em Portugal só se pensam nestas matérias nos últimos dois anos do ciclo olímpico e nessa fase já é tarde.

Não é por acaso que alguns dos nossos melhores atletas se sentem tristes e têm de bater à porta de marcas porque não conseguem ter o apoio - mínimo - para fazer uma época sem ter de pedir dinheiro aos pais. E porque motivo há equipas que se dizem semi-profissionais com 20 atletas? Se tivessem só quatro ou cinco, mas lhes pagassem um ordenado - como chegou a existir no início de 2000 - , não estariam a fazer um melhor serviço, apoiando os melhores? Obviamente, devem existir estruturas de formação, onde se deve dar a possibilidade aos mais jovens de experimentar a modalidade, mas nesse aspeto, a competição deve ser relegada para segundo plano. 

Foto: Union Européenne de Cyclisme

Enquanto andarmos neste marasmo, o BTT nacional não vai evoluir e provas deste calibre, em vez de motivarem os jovens lusos, vão criar um sentimento de grande inferioridade face a outras nações europeias. 

Foto: Union Européenne de Cyclisme

Os resultados dos atletas nacionais espelham esse desiquilíbrio. Onde está um acompanhamento especializado em termos de treino, monitorizado pelos elementos da federação? Será que existiu?

Foto: Union Européenne de Cyclisme

Fica o desabafo, mas também a chamada de atenção para algo que está à vista de todos. Aproveitamos também para dar os parabéns à organização e a todos os envolvidos. Não é fácil organizar um evento desta envergadura e assegurar a tão desejada transmissão televisiva. Parabéns pela audácia e pelo dinamismo. 

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