Competição

Pidcock e Lecomte vencem Taça do Mundo em Crans Montana

Poucos dias antes de começar a Volta a França, Pidcock voltou a demonstrar que está em grande forma, vencendo a Taça do Mundo de XCO em Crans Montana, tal como fez a francesa Loana Lecomte. 

Miguel Lorenzo

5 minutos

Pidcock e Lecomte vencem Taça do Mundo em Crans Montana

Tom Pidcock (Ineos-Grenadiers) obteve a segunda vitória consecutiva em Crans Montana. O britânico sofreu alguns percalços durante a prova - caiu numa zona não muito técnica após a sua roda dianteira ter escorregado devido à lama - e a partir da segunda volta liderou até ao final. Num percurso técnico e difícil - que foi inclusive alterado pela organização no dia anterior para tornar o traçado ligeiramente menos perigoso - a francesa Loana Lecomte (Canyon CLLCTV) demonstrou, na categoria feminina, que tem muita técnica, controlo e está num excelente momento de forma. 

"Este é um percurso como deve ser. Não é um circuito de ciclocrosse"., referiu Loana Lecomte alguns dias antes da prova. 

A francesa gosta de percursos muito técnicos e difíceis, portanto esta prova foi do seu agrado, dominando do início ao fim. A ausência de Haley Batten (Specialized Factory Racing) e Savilia Blunk (Decathlon Ford Racing Team na classificação geral de XCO fez com que surgissem alterações significativas. Várias atletas aproveitaram esta ocasião para subir na classificação. 

Desde o início, Lecomte e Laura Stigger (Specialized Factory Racing) destacaram-se, enquanto Alessandra Keller (Thömus Maxon) lutava taco a taco com Puck Pieterse (Alpecin-Deceuncink) pelo terceiro posto. Keller conseguiu adiantar-se na zona do bosque, mas Kate Courtney (Scott-SRAM MTB Racing Team) aproveitou a primeira descida para a ultrapassar. Lecomte, na dianteira da corrida, já tinha 15 segundos de vantagem, sendo perseguida por Keller, Courtney e Gwendalyn Gibson (Trek Factoy Racing - Pirelli). 

Pouco depois, Pieterse colocou-se na dianteira do grupo perseguidor, acelerando o ritmo. No entanto, Lecomte ia recebendo indicações e conseguiu manter a vantagem na frente de corrida. Na descida mais difícil do percurso, Lecomte optou pela linha mais difícil, enquanto Pieterse e Keller optaram pelas mais fáceis (ou seguras, depende do ponto de vista), o que permitiu à francesa aumentar a vantagem. 

À medida que a prova se aproximava do final, Lecomte consolidava a sua vantagem, chegando a ter 17 segundos de vantagem sobre Pieterse.Atrás, a luta pelo quarto lugar era renhida entre Laura Stigger e Jen Jackson (LIV Factory Racing), enquanto Evie Richards já ocupava o quinto lugar. 

Um pequeno erro de Lecomte permitiu a Keller encurtar a diferença temporal, mas a francesa conseguiu recuperar rapidamente e manter-se na liderança. Por seu lado, Pieterse começou a mostrar sinais de cansaço. Lecomte ganhou a prova com uma vantagem considerável e Keller cortou a meta 46 segundos depois, convertendo-se na nova líder da Taça do Mundo de XCO. Pieterse, Stigger e Richards completaram o pódio. 

"É bom estar de volta!, referiu Lecomte visivelmente emocionada. "Adoro este percurso. Mesmo que estivesse seco, é um verdadeiro percurso de BTT, com muitas secções técnicas e físicas. Estou ansiosa por voltar aqui no próximo ano nos Campeonatos do Mundo. O segredo é ser feliz e gostar do que faço". 

Esta é a décima vitória da francesa na Taça do Mundo de XCO. 

PIDCOCK SOMA MAIS UMA VITÓRIA

A somente uma semana da sua participação na Volta a França, Tom Pidcock voltou a enfrentar o seu grande rival, Nino Schurter (Scott-SRAM MTB Racing Team), na última batalha antes do Tour. 

Após o tiro de partida, um trio composto por Alan Hatherly (Cannondale Factory Racing), Marcel Guerrini (BIX Performance Race Team) e Luca Braidot (Santa Cruz Rockshox Pro Team) tomou a dianteira. Pidcock ia atrás da roda de Schurter e do campeão britânico Charlie Aldridge (Cannondale Factory Racing). 

Ao entrar na secção Red Bull Roots & Rolls, tanto Schurter como Filippo Colombo passaram a liderar a corida, mas pouco depois, Alridge já estava na frente. Os primeiros quilómetros foram muito renhidos, com todos os atletas a lutar por uma posição na dianteira. 

Pidcock estava em sexto na subida do bosque, uma secção dura e enlameada. Vários atletas, incluindo o próprio Pidcock tiveram problemas nesta parte, o que permitiu que Aldridge ganhasse uma pequena vantagem. Julian Schelb (Stop&Go Marderabwehr MTB Team) ultrapassou Aldridge no topo e na descida ainda ganhou mais alguns segundos. 

Na secção de madeira, Pidcock perseguia Schelb, com Schurter a tentar manter-se perto do campeão mundial. Mas Pidcock estava endiabrado e antes de entrar no rock garden já liderava a corrida. Uma queda enquanto tomava um gel fez com que fosse apanhado e ficasse no grupo de Schurter, permitindo a Schelb voltar a liderar a prova. 

Ao entrar na segunda volta, Matthias Flückiger (Thömus Maxon) juntou-se ao trio que liderava a corrida. Pidcock conseguiu apanhar Schelb e após várias alterações de posição na liderança, o britânico lançou um forte ataque numa descida, ganhando uma vantagem de sete segundos sobre Schurter e Flückiger.

Numa zona técnica, Pidcock passou sem dificuldades, enquanto Flückiger teve de desmontar, fazendo com que o britânico se distanciasse mais. Após meia hora de corrida, o atleta da Ineos já tinha uma vantagem de 19 segundos. Em erro de Schurter numa descida, fez com que ficasse fora da luta pela vitória. 

Na quarta volta, Schurter lutava por um lugar no pódio, tendo como principais adversários Luca Schwarzbauer (Canyon CLLCTV) e Lars Forster (Thomus Maxon). Pidcock voltou a cair, mas conseguiu retomar o andamento rapidamente. Aliás, vários atletas também cairam como o próprio Forster, que perdeu o seu lugar para Schurter. 

Pidcock mantinha-se na dianteira e a sua vantagem sobre Flückiger era considerável. Schelb estava na terceira posição, enquanto Braidot, Schurter e Schwarzbauer lutavam pelo quarto posto. 

Na quinta volta, Schurter demonstrou que a veterania é sinal de inteligência. Geriu o andamento durante toda a prova e nesta fase atacou, iniciando uma dura batalha contra Schelb. Por sua vez, na frente de corrida, Pidcock ampliava cada vez mais a sua vantagem. Schurter e Braidot lutavam pelo terceiro posto, enquanto Schelb começava a "perder gás". 

Na última volta, Pidcock deixou de atacar e seguiu até à meta isolado, ganhando a prova confortavelmente. Flückiger ficou em segundo lugar, enquanto Schurter foi batido por Braidot na luta pelo terceiro posto. Schelb ficou na quarta posição e Nadir Colledani (Santa Cruz - RockShox Pro Team) fechou o pódio. 

Na entrevista após a corrida, Pidcock assumiu algumas dificuldades iniciais: "Nas primeiras voltas foi muito complicado encontrar o meu próprio ritmo." O britânico também refletiu sobre as quedas que sofreu e as potenciais consequências que poderiam ocorrer numa fase tão crítica da sua temporada: "Cometi dois erros depois de ganhar uma vantagem confortável... Tenho grandes objetivos agora (ndr Volta a França) e acho que os meus companheiros de equipa não ficariam muito contentes se fossem por água abaixo devido ao que aconteceu hoje". 

Schurter, que agora lidera a Taça do Mundo, também fez alguns comentários acerca do percurso. "Numa volta acho que caí umas três vezes". Apesar disso, estava visivelmente contente. "Estou muito feliz com o meu quarto lugar". 

Após esta prova, as classificações gerais são estas:

 

Etiquetas:

Relacionados