A prova de XCO masculina destes Jogos Olímpicos ficará certamente para a história após uma recuperação impressionante do britânico Tom Pidcock que, após furar, teve de trocar de roda na quarta volta, mas conseguiu reentrar nos lugares cimeiros, atacar novamente e ganhar o título olímpico de XCO no percurso disputado na Colina de Élancourt, nos arredores de Paris.
𝐒𝐈𝐑.𝐓𝐎𝐌.𝐏𝐈𝐃𝐂𝐎𝐂𝐊.
— Eurosport.es (@Eurosport_ES) July 29, 2024
𝐃𝐎𝐁𝐋𝐄. 𝐎𝐑𝐎. 𝐎𝐋𝐈́𝐌𝐏𝐈𝐂𝐎.
🥇 El ciclista británico revalida el oro olímpico en una última vuelta legendaria y a tumba abierta ante Koretzky. Gallina de piel.
🇪🇸 David Valero, décimo tras una caída.#Paris2024 | #MountainBike pic.twitter.com/79V9xZ4Wki
O betetista britânico de 24 anos natural de Leeds revalidou o título, mas teve um intenso duelo com o francês Victor Koretzky sobretudo nas voltas finais. No final, quando o britânico cortou a meta, foi vaiado pelo público francês presente, que contava com a medalha de ouro. Koretzky teve de se contentar com a medalha de prata e o sul africano Alan Hatherly ficou com a de bronze.
A prova não teve nenhum português em competição e decorreu sob intenso calor. Os atletas tinham de dar 8 voltas a um circuito de 4,4 km que foi criticado por Pidcock. Era todo artificial e foi desenhado pelo sul africano Nick Floros, o mesmo que desenhou o percurso de Tóquilo 2020.
Estiveram em competição 36 atletas e só na segunda volta os favoritos começaram a mostrar os galões. Na terceira volta, Pidcock, Koretzky e Flueckiger lideravam, enquanto Nino Schurter parecia estar em esforço para companhar o ritmo.
Na quarta volta, Pidcock sofreu um furo e teve de ir à box da seleção mudar de roda. Perdeu cerca de 25 segundos, tempo suficiente para Koretzky atacar e ganhar uma vantagem importante.
O francês tinha sido o único a aguentar o ataque inicial de Pidcock e liderou durante algum tempo. Conhecia o percurso como a palma da sua mão e tinha o público do seu lado, que não parava de gritar "Allez, allez". A prova tornou-se um autêntico contrarrelógio para Koretzky, ao ver-se com a possibilidade de ganhar o ouro olímpico.
Quando Pidcock reentrou na corrida, primeiro juntou-se a um grupo. Alan Hatherly estava a 13 segundos do francês e o grupo do britânico da INEOS e do suíço Flueckiger estava a meio minuto. Não fazia parte deste conjunto o suíço Nino Schurter, que tem um invejável currículo onde se destacam dez títulos de Campeão do Mundo.
Pidcock sabia que tinha de atacar se quisesse apanhar Koretzky, por isso foi fazendo mudanças de ritmo, sempre sem ir ao limite, encurtando a pouco e pouco a desvantagem que tinha. Mas o francês começava a perder gás e foi apanhado pelo betetista da INEOS.
Na frente ficou um trio composto por Koretzky, Pidcock e Hatherly, precisamente o mesmo que existia antes da avaria do campeão olímpico. Pidcock voltou a atacar e aproveitou cada subida para desferir uma nova mudança de ritmo tentando que o francês cedesse. Não aconteceu, até que, numa tentativa de fazer a diferença e já nos metros finais, numa zona em que havia duas linhas possíveis, Pidcock adotou uma e Koretzky a outra, tendo ambos sprintado para ocupar a primeira posição de entrada no singletrack que levava os atletas para os trilhos finais e o francês embateu na bicicleta do britânico, ficando desequilibrado, tendo de retirar um pé do pedal de encaixe.
Esse momento foi aproveitado pelo britânico para fazer o ataque final que o levou até à meta isolado. O francês, visivelmente afetado com a situação, não conseguiu reagir de imediato, mas deu tudo o que tinha até à meta. Em todo o caso, foi uma grande prova de Koretzky e a medalha de prata é merecidíssima.
O sul africano ficou em terceiro lugar - medalha de bronze - numa prova de altíssimo nível que certamente ficará na memória de todos.