A 77ª edição da Volta a Espanha, que decorrerá entre 19 de Agosto e 11 de Setembro de 2022 terá um percurso exigente e que promete muito espetáculo. A prova terá 9 chegadas em alto (5 delas inéditas), dois contrarrelógios (um por equipas e outro individual) e a partida será dada em Utrecht (nos Países Baixos), onde serão disputadas as três primeiras etapas antes de entrar em Espanha através do País Basco.
A organização voltou a apostar num formato montanhoso, embora existam opções para todo o tipo de ciclistas, incluindo os sprinters. Na calha estão seis etapas planas e duas maioritariamente planas, mas com chegada em alto, sete etapas de montanha, um crono por equipas de 23.3 km, um crono individual de 31.1 km e três dias de descanso.
Os finais de etapa inéditos serão estes: Pico Jano (na Cantábria, 6ª etapa), Collau Foncuaya (nas Astúrias, 8ª etapa), Pico de los Reales (em Málaga, 12ª etapa), Monasterio de Tentudía (na Extremadura, 17ª etapa) e Alto del Piornal (também na Extremadura, 18ª etapa). O final da Volta a Espanha será explosivo com a tradicional e muitas vezes decisiva etapa na Sierra de Guadarrama, em Madrid.
PARTIDA NOS PAÍSES BAJOS
A Volta a Espanha começará no dia 19 de Agosto nos Países Baixos, mais concretamente em Utrecht, cidade que também acolheu a partida da Volta a Itália em 2010 e a Volta a França em 2015. O primeiro líder será conhecido após um contrarrelógio por equipas. Depois, seguem-se duas etapas naquele país propícias para o sprint, em Utrecht e Breda.
Um dia de descanso permitirá a todas as equipas e à estrutura da prova fazer o transfer até Espanha, mais concretamente até ao País Basco, para a quarta etapa entre Vitoria e Laguardia, num terreno caracterizado pela média montanha. Mas as dificuldades surgirão no dia seguinte, na ligação entre Irún e Bilbao, onde os ciclistas terão à sua espera cinco topos, com destaque para a dupla subida a Vivero.
O trajeto entre Bilbao e o Pico Jano, na Cantábria (12,6 km a 6%) será inédito na prova, com a primeira chegada em alto. Aqui ficaremos a conhecer quais são os líderes que estão em pior forma. Esta primeira semana de competição fecha em Cistierna, com a subida a San Glorio.
SEGUNDA SEMANA: ASTURIAS E CONTRARRELÓGIO EM ALICANTE
A segunda semana terá como grande protagonista as Astúrias. Este ano a prova não inclui os Lagos de Covadonga nem o Angliru, mas sim o inédito Collau Foncuaya, com Yernes e Tameza, uma subida de 5,7 km a 7,8% e rampas de 16%. A jornada terá mais quatro subidas que acumula 3.300 metros de desnível, com passagem por La Colladona, La Mozqueta, Santo Emiliano e Tenebredo.
Nas Astúrias, a primeira "dose" de montanha ocorrerá na etapa entre Villaviciosa e Les Praeres, com final em alta montanha e que inclui uma subida de 4 km a mais de 12% de média. Esta etapa será muito dura, com cinco grandes dificuldades, entre elas o Mirador del Fito.
A Volta a Espanha depois ruma das Astúrias até Alicante, onde um contrarrelógio de 31,1 km plano provocará uma valente dor de pernas aos protagonistas.
Após o crono, Murcia será o local de partida da etapa seguinte, com uma homenagem a Alejandro Valverde. Será a última vez que o ciclista espanhol participará nesta prova como ciclista profissional e será a sua 16ª Vuelta no currículo. A meta será no Cabo de Gata, em Almería, num cenário ideal para sprinters.
Almería também será o ponto de partida de um feito histórico, pois pela primeira vez na história da Vuelta, passará pelas oito províncias da Andaluzia. A 12ª etapa entre Salobreña e Peñas Blancas será ideal para os trepadores. A dificuldade principal estará no Pico de los Reales, com 21 km sempre em subida.
Montilla, pelo menos teoricamente, será palco de um sprint, local que ligará a La Pandera e os seus 8 km com 8% de inclinação (o topo está situado a 1.840 metros de altitude). Esta subida é conhecida de grande parte do pelotão.
SURPRESAS NA EXTREMADURA E A TEMÍVEL SERRA DE MADRID
Os favoritos terão de poupar as suas energias para a terceira e última semana de prova. Para começar, terão de ter em conta a etapa entre Martos e a Sierra Nevada, a única subida de categoria especial.
Será uma autêntica prova de fogo antes da segunda jornada de descanso, com 20 km de subida, e a meta acima dos 2.000 metros, o que significará dificuldades acrescidas. Esta dura etapa terá mais de 4.000 metros de desnível e inclui o Alto de Pursche e o alto de Hazallanas.
A caravana depois seguirá pela Andaluzia, entrando em Sanúcar de Barrameda (Cádiz) e terminando (ao sprint) em Tomares (Sevilha) e na 17ª etapa vai calhar na rifa uma jornada em Aracena (Huelva) com ligação à Extremadura (em Tentudia) e com um final inédito em altitude.
Segue-se uma ligação entre Trujillo e o Alto de Piornal que promete espetáculo. No Valle de Jerte o pelotão vai "estrear" mais uma subida que será percorrida por três vertentes diferentes (La Desesperá, Monasterio de Yuste e Hervás). Serão 17 km demolidores com rampas de até 14%!
É preciso ter cuidado adicional na antepenúltima etapa com partida e chegada em Talavera de la Reina, devido à dupla subida ao Alto del Piélago (de segunda categoria). Será aqui que veremos quem é que poupou forças e quem é que definitivamente perdeu a hipótese por lutar por um lugar no top5.
Em Madrid, a lendária etapa na Serra de Guadarrama será o palco de uma luta de titãs. A partida será em Moralzarzal e a chegada no Puerto de Navacerrada. Este foi o palco de inúmeras derrotas de última hora e como Navacerrada será subida duas vezes (o pelotão também terá de subir La Morcuera e Canencia), os nervos estarão à flor da pele.
Como é tradição, o final da Volta a Espanha será em Madrid, com uma etapa que terá pouco mais de 100 km e que vai homenagear o vencedor.
