A polémica que envolve a saída de Miguel Ángél López da Movistar continua a dar que falar. O colombiano esteve numa conferência de imprensa virtual onde abordou o tema e não foi nada simpático com a equipa espanhola.
O ciclista que na próxima temporada vai voltar a representar a Astana Qazaqstan Team comentou os motivos que o levaram a sair da formação World Tour espanhola e explicou que "foram vários os motivos e a soma deles fez transbordar o copo de água, por isso a melhor decisão que poderia tomar era abandonar a Movistar. Há quem pense que o que eu fiz foi uma falta de respeito, mas é fácil falar. Eu acho que o mais importante é estar onde nos sentimos bem, onde todos nos apoiam e onde exista um bom ambiente, sem tensão nem egoísmo. Acho que devemos estar onde somos valorizados, onde possamos brilhar e fazer as coisas bem".
A decisão de López de abandonar a Volta a Espanha ocorreu - lembramos - dias depois de ser anunciada a sua renovação de contrato por mais duas temporadas com a equipa espanhola, uma renovação que já tinha sido confirmada e o contrato assinado semanas antes. "Eu já tinha renovado o contrato e aconteceram coisas, detalhes que fui descobrindo aos poucos: não ir aos Jogos Olímpicos; sair do Tour, não por decisão minha, mas da equipa; na Vuelta houve momentos com muita tensão ao partilhar a liderança. Na Movistar isso sempre aconteceu com o Nairo Quintana e com o Landa também. Eu cheguei a sentir essa mesma tensão, e sabendo que tinha mais dois anos de contrato por cumpir, preferi fazer o que fiz e tomar outro caminho", disse López que reconheceu ambicionar ir aos Jogos Olímpicos, mas salientou que a equipa o convenceu que não era boa ideia, com o objetivo de que o colombiano se focasse na preparação para a Volta a Espanha.
Uma das perguntas feitas ao colombiano tem a ver com a suposta atitude da equipa face aos sul-americanos. "Não sei o que dizer. Vocês, os fãs, o público, cada um tem uma opinião diferente. Vendo de outro ponto de vista, se analisarmos tudo o que foi dito e escrito, onde há fumo, há fogo. Estive lá, ganhei corridas e algo se passa. Não sei o quê, mas por algum motivo não quis continuar ali", respondeu López, que acrescentou: "Creio que as coisas acontecem por algum motivo. Agora estou noutra equipa e a Movistar é um capítulo encerrado, não vale a pena continuar a falar desse tema. Agora só penso no meu futuro com a Astana e trabalho para continuar a ser o ciclista que todos conhecem".
Embora a sua saída da Movistar tenha sido polémica, López considera que a sua temporada com a Movistar foi boa: "Apesar de tudo o que se passou, a minha temporada foi boa. Com a Movistar fiz as coisas bem e consegui quatro vitórias, entre elas, a única que eles conseguiram numa grande Volta". Além disso, agradeceu a Eusebio Unzué pela oportunidade que lhe deu e também aos gregários da equipa: "É uma pena que o trabalho que os gregários fizeram não tivesse sido recompensado com a vitória na Volta a Espanha, por exemplo. O seu trabalho foi impecável e é uma pena que não se tenham mais resultados por outros motivos. Não se lhes pode retirar esse mérito, tal como o staff, massagistas, mecânicos... Aqui, o que aconteceu foi que a equipa não soube gerir bem e não nos deixou ir mais além".
Agora, o colombiano enfrenta com otimismo uma nova temporada na Astana, equipa que já representou durante seis anos (entre 2015 e 2020). E reconhece que as negociações com a equipa cazaque não foram difíceis: "É bom saber para onde vamos e como é que a equipa funciona. Não houve problemas e no dia seguinte à polémica na Vuelta já estava em negociações com a Astana. Foi a minha casa no passado e confiam em mim".
Acerca da sua preparação para a temporada 2022, o colombiano explicou que "está a correr bem. Tive um período de descanso longo e isso deu-me muita energia. Estou já a começar a preparar a próxima temporada, com o olhar fixo nas Grandes Voltas. Este ano estive mais perto do Primoz Roglic. Mas temos de trabalhar mais a parte do contrarrelógio, apesar de eu já ter melhorado, contudo tenho de concentrar mais a preparação neste aspeto dado que os restantes ciclistas estão num patamar muito superior".