Lisboa recebe de braços abertos a caravana da 79ª edição da Volta a Espanha que começa este sábado com um contrarrelógio de 12 km desde a Torre de Belém até Oeiras. O percurso da Vuelta é variado e oferece oportunidades a todo o tipo de ciclistas, embora a montanha e provavelmente o contrarrelógio de Madrid, serão decisivos.
Não é a primeira vez que Lisboa recebe a partida oficial da prova. O mesmo ocorreu em 1997, durante a promoção da Expo´98 e o vencedor em Madrid foi o suíço Alex Zulle. Será a quinta vez que a prova espanhola começa no estrangeiro (Lisboa em 1997, Assen em 2009, Nimes em 2017 e Utrecht em 2022).
No pelotão da Vuelta não estarão os "galáticos" do pelotão mundial (Pogacar, Vingegaard e Evenepoel), mas não faltarão alguns dos melhores, como o esloveno Primoz Roglic (vencedor de três edições da Volta a Espanha), Sepp Kuss (vencedor da edição de 2023), bem como três candidatos espanhóis à vitória final: Enric Mas, Mikel Landa e Carlos Rodríguez. O contingente nacional será composto por Rui Costa, Nelson Oliveira e João Almeida.
Serão 21 etapas, 5 de média montanha, 8 de montanha, 2 contrarrelógios individuais e 5 etapas onduladas, duas delas com chegadas em alto. Pelo meio não faltarão dois dias de descanso.
Contrarrelógio inicial de 12 km e primeira chegada em alto na Extremadura
O cronómetro vai definir quem é o primeiro líder da Vuelta num contrarrelógio individual de 12 km entre Lisboa e Oeiras. Esta espetacular partida decorrerá perto do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém e embora curta, vai exigir força bruta com o Tejo como pano de fundo.
Portugal recebe as duas etapas em linha seguintes, com metas em Ourém e Castelo Branco, ambas propícias para o sprint, apesar do terreno ondulado. Depois, a prova entrará em território espanhol.
A primeira grande chegada em alto será na quarta etapa. Decorrerá na Extremadura, mais precisamente no Pico de Villuercas, com uma parte final de 3 km que inclui rampas que chegam aos 16%! Esta jornada terá quatro subidas, incluindo o Piornal. Será o primeiro tira teimas.
A ideia da organização de fazer "uma Volta sem etapas de transição" fica bem patente na passagem pela Andaluzia, com uma quinta etapa que será decidida ao sprint em Sevilha. Será uma das poucas oportunidades para os sprinters.
A etapa entre Jerez de la Frontera e Yunquera promete ser atrativa, com uma subida inédita de terceira categoria. Depois o pelotão terá nova dificuldade em Córdoba, com uma subida de 14% perto da meta como aperitivo.
O pelotão encerrará a sua passagem pela Andaluzia com as etapas entre Úbeda e Cazorla (com meta em montanha), e entre Motril, na costa e Granada, que terá duas subidas (El Purche e Hazallanas). Quando o pelotão rumar à Galiza, a classificação geral já deverá ter um formato muito próximo do final e o pelotão terá o desejado e merecido dia de descanso.
Segunda semana com Ancares e Cuitu Negru
A Galiza vai colocar dificuldades aos ciclistas, dado que não existe um metro plano, embora as subidas sejam de baixa altitude. Há uma subida de 1ª categoria no início da etapa a caminho de Baiona.
Em Padrón, poderá haver surpresas, com quatro dificuldades pontuáveis, seguindo-se duas etapas com metas em alto: Cabeza de Manzaneda (1ª categoria) e Ancares (1ª categoria), pela inédita vertente leonesa, de 7,7 km (os últimos 5,5 km têm uma média de 12% de desnivel).
A etapa mais longa da Vuelta 2024 será a 14ª e terá 199 km, entre Villafranca del Bierzo e Villablino. Segue-se outra etapa chave nas Astúrias.
Será um dia decisivo com dupla ascensão a La Colladiella (1ª categoria) e chegada no temível Cuitu Negro, uma subida duríssima com rampas que chegam aos 23%.
Batalha final com Lagos de Covadonga, Picón Blanco e crono em Madrid
Na semana final, poderemos ter surpresas. Nada estará decidido e os ciclistas terão de enfrentar etapas de interesse muito elevado. Após o descanso nas Astúrias, novo momento alto nos Lagos de Covadonga na etapa 16.
Seguem-se duas jornadas em teoria de transição em Cantabria e País Basco, com metas em Santander e Maeztu (Álava), no Parque Natural de Izki, portanto o último fim de semana pode ser explosivo. E convém não esquecer a subida a Alto de Mocalvillo, com pendentes superiores a 10%.
O último sábado, antes da chegada a Madrid, será terrível, com 7 subidas. Após o Puerto de Estacas de Truebal, a caravana entrará na Cantabria, antes de voltar à província de Burgos pelo Portillo de Lunada.
O Portillo de la Sía e o Puerto de Los Tornos também serão duros, numa jornada que terá um embate final no Picón Blanco. Nessa jornada, a geral estará perfilada.
E se ainda existirem dúvidas quanto ao pódio, o contrarrelógio individual de 12 km será o tira teimas. A cerimónia de entrega dos prémios será, como habitual, na Praça Cibeles.