Competição

António Morgado ficou a centímetros de ganhar a clássica Le Samyn

No seu ano de estreia no WorldTour (lembramos que ainda é sub-23), António Morgado está a dar espetáculo e ontem não ganhou a clássica belga Le Samyn por uma unha negra. Laurenz Rex (Intermarché) acabou por ser o vencedor, mas a confirmação teve de ser feita por photo-finish.

REVISTA CICLISMO A FUNDO. FOTO: JAN DE NEULENIER / PN / SPRINT CYCLING AGENCY

2 minutos

António Morgado ficou a centímetros de ganhar a clássica Le Samyn

Quando entrevistámos António Morgado em exclusivo no ano passado, ficámos com uma certeza: é um ciclista destemido, com raça e extremamente ambicioso. Esta nova geração de ciclistas é mais combativa, não segue os trâmites históricos do ciclismo - em que nos primeiros anos de profissionalismo é quase preciso fazer uma espécie de vassalagem aos ciclistas mais experientes - e não tem receio de atacar.

Ontem, na 56ª edição da clássica belga Le Samyn, que inclui empedrado, a vitória foi decidida por uma unha negra. Nos metros finais, ligeiramente em subida, António Morgado (UAE Team Emirates) foi um dos que sprintou, juntamente com Laurenz Rex (Intermarché), tendo ambos cortado a linha de meta ao mesmo tempo. 

Embora Rex tenha levantado os braços de imediato, foi necessário recorrer ao photo-finish para ter a certeza e de facto o belga de 24 anos foi o vencedor. Em todo o caso, o luso de 20 anos continua a demonstrar ter capacidades para lutar taco a taco com os melhores. O terceiro a cortar a meta foi Jenthe Biermans (Arkéa - B&B Hotels)

Esta foi a primeira vitória como ciclista profissional de Laurenz Rex, apesar de em 2023 ter vencido uma prova de categoria 1.2, a Dorpenomloop Rucphen. 

 

Este sprint foi lançado pela Uno-X e pela Arkéa e António Morgado a certa altura parecia estar a aguardar a chegada de um dos seus colegas, até que, tudo indica, terá recebido ordens para tentar sprintar pela vitória. Lembramos que esta clássica tem 204,3 km, oito subidas e 20 secções de pavé. É uma espécie de preparação para a Paris-Roubaix, prova que também terá a presença de António Morgado. 

Nesta jornada chegou a haver uma fuga composta por cinco ciclistas que chegou a ter uma vantagem de quatro minutos.

Pouco depois atacou o belga Jonas Rickaert (Alpecin-Deceuninck), o qual teve posteriormente a companhia do francês Thomas Gachignard (TotalEnergies) e do checo Oavel Bittner (DSM-firmenich). A cerca de 30 km da meta, um dos favoritos, Arnaud de Lie, caiu numa curva. 

Visivelmente enervado com a situação o belga tentou entrar no pelotão, mas o ritmo já era muito elevado. Vendo que não conseguia reentrar - estava a mais de dois minutos - decidiu abandonar a prova na penúltima passagem pela linha de meta. Gachignard e Bittner aperceberam-se que Rickaert estava em dificuldades e bastou um ligeiro aumento de velocidade para o descartar. Mas lá atrás, no pelotão, as equipas dos sprinters tinham outras intenções e o objetivo imediato era "caçar" os fugitivos a todo o custo. 

Nem mesmo uma queda demoveu os intuitos do pelotão, que, sobretudo através da Uno X e da Arkéa, caçou os fugitivos após a secção enlameada e empedrada de Chemin de Wihéries. Ainda existiram alguns ataques, mas o ritmo era de tal modo elevado que somente na chegada à meta houve realmente luta pela vitória. Infelizmente António Morgado não ganhou, mas ficou a certeza de que tem ritmo e capacidade para lutar neste tipo de clássicas. 

Relacionados