Competição

Thomas Frischknecht, o super herói europeu

No início dos anos 90, a Taça do Mundo Grundig viveu um dos seus duelos mais históricos. O mito americano, John Tomac e o suíço Thomas Frischknecht (o primeiro atleta europeu a vingar na Taça do Mundo), tiveram batalhas impressionantes nestas provas. Hoje destacamos Thomas, um atleta que conhecemos bastante bem.

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Thomas Frischknecht, o super herói europeu

Antes de mais devemos dizer isto. Muitos não sabem, mas Thomas Frischknecht é fã de Portugal. E ele gostou tanto de Lisboa (ele ganhou a Taça do Mundo que se realizou na pista do Jamor em 1996) que deu esse nome a uma das castas que possui em Massa Vecchia (Itália), onde passámos alguns dias. Atualmente, para além de ser manager da equipa de Nino Schurter, é um pequeno produtor de vinho e cada casta tem o nome de cidades onde ganhou provas. Estivemos quatro ou cinco dias em Massa Vecchia e conversámos com o suíço, o qual ainda se lembra com carinho desta prova no nosso país. De modo a homenagearmos este que foi um dos melhores atletas de Cross Country de todos os tempos, publicamos este artigo que relembra a história de um dos ícones do BTT mundial.

 

Quando o BTT surgiu nas montanhas do oeste dos Estados Unidos, apareceram os primeiros grandes nomes na história deste desporto. Atletas como John Tomac, Ned Overend (que recentemente esteve em Portugal) e Tinker Juárez foram alguns dos pioneiros e que representaram a era dourada do BTT americano. No entanto, o domínio dos atletas deste país durou pouco pois alguns europeus provenientes do ciclocrosse começaram a aparecer nas principais competições de BTT e aí começou a "grande batalha" entre o continente europeu e o americano. Falamos de nomes como Tim Gould, David Baker e, sobretudo, o jovem Thomas Frischknecht

Frischi (como era conhecido) mostrou a sua classe e talento em 1988, impondo-se no Campeonato do Mundo júnior de ciclocrosse. A sua família tinha historial no ciclismo, pois o seu pai foi várias vezes ao pódio nos Campeonatos do Mundo da mesma especialidade. 

O suíço nunca abandonou o desporto que o viu nascer, aliás até chegou a ser Campeão do Mundo amador em 1991 e anos mais tarde foi medalha de prata nos Campeonatos do Mundo de profissionais em 1997. No entanto, o BTT foi amor à primeira vista e após uma época nos Estados Unidos, assinou contrato com Tom Ritchey, o qual o patrocinou praticamente toda a sua vida enquanto foi atleta de BTT. Aliás, acabou por ser um dos seus melhores amigos.

Nos primeiros Campeonatos do Mundo oficiais de BTT em Durango, Frischknecht apenas foi superado por Ned Overend, e conseguiu o seu primeiro pódio num Mundial, um dos oito que obteve na sua carreira, e na qual durante anos teve uma espinha cravada ao não conseguir obter o primeiro posto. 

Mas a vitória chegou finalmente, embora não da forma que tinha sonhado. Em 1996, em Cairns, Austrália (o mesmo ano em que ganhou a Taça do Mundo no Jamor), o francês Jerome Chiotti ganhou e relegou de novo Frischi para o segundo lugar. Anos depois, Chiotti confessou que tinha utilizado EPO, tendo o título sido retirado e atribuído ao suíço. Devemos destacar que Frischknecht sempre se destacou na luta contra o doping e na defesa do desporto limpo. Aliás, ele foi protagonista de uma curiosa cerimónia não oficial de entrega da camisola de campeão do mundo a cargo do corredor arrependido (Chiotti). 

 

Outro marco na sua carreira foi a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, prova ganha por Bart Brentjens. Frischknecht continuou a acumular vitórias tanto no BTT como em ciclocrosse durante toda a década de 90 e início dos anos 2000, demonstrando permanentemente um grande amor e paixão pelo ciclismo.

Após largar a alta competição, continuou ligado ao BTT, em primeiro lugar no projeto Swiss Power que impulsionou jovens corredores suíços e, nos dias de hoje, está ligado à marca Scott, com a qual continua a colaborar, como Diretor da equipa Scott SRAM.

Thomas é o atual mentor de Nino Schurter. E o próprio filho de Frischknecht, o Andi, compete atualmente na Taça do Mundo, sendo apontado como uma das jovens promessas suíças. 

Thomas Frischknecht, uma lenda de sorriso fácil e que guarda Lisboa no coração.