Competição

Evenepoel faz contrarrelógio soberbo e ganha tempo aos rivais

O belga fez uma média de 55,68 km/h, ganhando o contrarrelógio de 30,9 km em Alicante, aumentando ainda mais a sua vantagem sobre Roglic - que passa a ser segundo da geral -, Carlos Rodríguez, Simon Yates, Enric Mas e Juan Ayuso. Nelson Oliveira fez o 14º melhor tempo, logo seguido de João Almeida, que se enganou no percurso.

Fernando Belda e Carlos Pinto

2 minutos

Evenepoel faz contrarrelógio soberbo e ganha tempo aos rivais

Remco Evenepoel voltou a demonstrar que é, neste momento, o mais forte e consistente na Volta a Espanha, dominando com autoridade. Na montanha todos vimos a superioridade do belga, cumprindo aquilo que já se antevia, dado os resultados das provas que antecederam a Vuelta, e no contrarrelógio já sabíamos que é um dos melhores do mundo. O crono de 30,9 km entre Elche e Alicante era bem ao estilo dos especialistas puros e o trabalho que Remco tem feito, aprimorando a sua posição aerodinâmica, está bem patente nos resultados. Evenepoel ganhou tempo a todos os rivais mais diretos: 48s a Primoz Roglic, 1m22 a Carlos Rodríguez, 1m42 a Simon Yates, 1m47 a Miguel Angél López, 1m51 a Enric Mas, 2m13 a João Almeida e 2m17 a Juan Ayuso. 

Persiste a dúvida se o belga terá estofo para aguentar a última semana de prova, mas a verdade é que até agora não quebrou e mostrou sempre muita consistência. Feitas as contas, Roglic passa agora a ser segundo na geral, a 2m41, Enric Mas é terceiro a 3m03, Carlos Rodríguez é quarto a 3m55 e a partir daí estão todos com tempo muito difícil de recuperar. 

 

A humidade e o calor foram as dificuldades do dia, dado que o percurso era plano, com retas longas e poucas curvas técnicas, ideal para os verdadeiros especialistas. É o caso de Remco Evenepoel, um corredor forte, com valores de peso/potência muito acima da média e claramente um dos melhores do mundo. É o campeão da Europa e vice-campeão do Mundo em 2019, além de medalha de bronze no Mundial de 2021 e Campeão da Bélgica. Com este currículo, era claramente o grande favorito hoje e cumpriu os prognósticos desde o início, marcando os melhores tempos nos pontos cronometrados. 

O francês Rémi Cavagna - colega de Evenepoel na Quick Step Alpha Vinyl - foi o primeiro a marcar um tempo canhão: 34m18, a uma média superior a 54km/h. Foi preciso esperar quase duas horas até esse tempo ser batido por Primoz Roglic, o antepenúltimo a partir. Bateu esse tempo por 12 segundos. Mas depois foi a vez de Evenepoel, vestido de vermelho, mostrar que está muitos furos acima da concorrência. Aliás, esteve quase a dobrar Enric Mas (saiu dois minutos mais tarde, mas ganhou 1m51). 

Remi Cavagna fez um excelente contrarrelógio e chegou a liderar, mas foi batido por Roglic e por Remco

Juan Ayuso (o melhor classificado na geral da UAE Team Emirates) penou bastante devido ao calor e confessou no final que passou mal a noite, com fortes dores de cabeça, mas após realizar testes ao Covid 19 a infeção foi descartada. Cedeu 2m17 e Simon Yates - 7º no contrarrelógio - ficou com o 5º lugar na geral. 

Carlos Rodríguez (INEOS-Grenadiers), o novo líder da formação britânica, foi 4º, a 1m22 de Evenepoel e ocupa precisamente essa posição na geral. Quem surpreendeu foi o colombiano Miguel Angél López (Astana), que embora não sendo um especialista, acabou no top10 (foi 9º, a 1m47 do belga), reativando as suas opções na geral. 

Ainda faltam muitas etapas nesta Volta a Espanha e a grande dúvida é se Evenepoel conseguirá manter este nível nas próximas etapas ou se, eventualmente, começará a pagar fatura por este desgaste físico. Por seu lado, João Almeida entrou nesta Vuelta depois de uma preparação que não foi a melhor devido a uma infeção (Covid 19). Em todo o caso, a sua forma poderá melhorar ao longo da prova e subir posições. Hoje enganou-se no percurso e perdeu algum tempo, mas esperamos que isto não o afete. Está em 7º na geral, a 6m45.

Amanhã o pelotão vai enfrentar a 11ª etapa (El Pozo Alimentación - Cabo de Gata, com 191,2 km), uma jornada ideal para sprinters - que não contará com o irlandês Sam Bennett, que abandonou por estar infetado com Covid - e que servirá para homenagear Alejandro Valverde em Murcia, a sua terra natal. 

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