Hoje é o segundo dia de descanso da Volta a França depois de duas etapas brutais nos Pirenéus, nas quais Tadej Pogacar deu um golpe quase definitivo na classificação geral. A sua resposta em Plateau de Beille ao ataque de Vingegaard foi de um verdadeiro campeão e se não sofrer uma violenta queda ou desfalecer nas seis etapas que faltam - que incluem a passagem pelos Alpes e o contrarrelógio final em Nice -, o esloveno está prestes a confirmar a sua terceira vitória na prova francesa, e uma dobradinha Giro-Tour inédita no século XXI. Desde Marco Pantani em 1998 que ninguém conseguiu repetir este feito.
Pogacar enfrenta a reta final do Tour 2024 com uma vantagem de 3m09 sobre o dinamarquês Jonas Vingegaard e de 5m19 sobre o belga Remco Evenepoel, o qual, na sua estreia na prova francesa, está a demonstrar que num futuro próximo poderá lutar pela vitória nesta prova. No meio desta batalha feroz entre Pogacar e Vingegaard, Evenepoel está a passar com distinção o teste do algodão na alta montanha e se não quebrar poderá subir ao pódio em Nice, já que tem uma vantagem de mais de cinco minutos sobre João Almeida, quarto da geral, a 10m54. Lembramos que o luso também se está a estrear na prova e, ao contrário de Pogacar, Vingegaard e Evenepoel, ainda tem de trabalhar para o seu líder.
O vencedor das duas últimas edições reconheceu ontem no alto de Plateau de Beille a superioridade do esloveno. "Ele demonstrou a sua força. Mas não posso estar descontente, muito pelo contrário. Acho que fiz uma das melhores etapas da minha vida... e ainda me ganhou um minuto. Só posso dar-lhe os parabéns e reconhecer que é o mais forte", comentou Jonas Vingegaard. "Se ele mantiver este nível, terei de resignar-me a ser segundo", acrescentou o líder da Visma. Quanto às etapas que faltam, referiu: "não tenho nada a perder. Parece difícil ganhar este Tour, mas Tadej pode ter um dia mau, isso já aconteceu no passado. É a única coisa que posso esperar. Se mantiver este nível, será difícil".
"A vantagem na geral dá-me confiança", referiu Pogacar. Aos 25 anos de idade, perto de confirmar a sua terceira vitória na Volta a França, o ciclista natural de Klanec está prestes a tornar-se uma lenda. "Estou muito contente com o meu nível de forma. Não imaginava que iria estar tão bem nesta semana nos Pirenéus. A Visma fez tudo para me cansar, mas consegui resistir. Estava no limite quando o Jonas me atacou, eram demasiados watts, mas também vi que ele estava a sofrer. Quando acelerei para me distanciar notei que ele já não pedalava com tanta potência, por isso decidi lançar o ataque", explicou após a etapa.
Pogacar assegurou que este ano mudou a sua preparação, tanto em cima da bicicleta como noutros aspetos e que esse trabalho está a dar os seus frutos, como já se viu na Volta a Itália. "Todas as peças do puzzle começam a encaixar-se", disse o esloveno.
ALPES E O CONTRARRELÓGIO FINAL
Embora Pogacar esteja a demonstrar superioridade, ainda faltam muitas subidas e uma queda ou um desfalecimento podem inverter a situação de corrida. As seis etapas que faltam, são, no seu conjunto, muito duras. Após uma jornada plana na terça feira, que será a última oportunidade para os sprinters, os ciclistas terão duas etapas de média montanha: na quarta feira, com chegada em Superdévouly, e na quinta feira, em Barcelonnette, antes de entrarem na alta montanha, mais precisamente nos Alpes.
A 19ª etapa será uma das mais duras deste Tour, com chegada em Isola 2000 (16,1 km a 7,1%), com passagem prévia em Col de Vars (18,8 km a 5,7%) e em Bonette (22,9 km a 6,9%), que será a montanha mais alta desta edição (2.802 metros de altitude).
A última grande jornada de montanha ocorrerá nos arredores de Nice (nos seus 132,8 km terá mais de 4.000 metros de desnível). Esta 20ª etapa será bastante dura, com subidas a Col de Braus (10 km a 6,6%), Turini (20,7 km a 5,7%) e Col de la Colmaine (7,5 km a 7,1%), antes da subida final a Col de la Couillole, de 15,7 km a 7,1%.
A última etapa será um contrarrelógio de 33,7 km entre o Mónaco e Nice e terá duas subidas: La Turbie (8,1 km a 5,6%) e Col d´Éze (1,6 km a 8,1%), embora a parte final seja plana. Será um contrarrelógio muito exigente, que colocará um ponto final numa edição da Volta a França que certamente ficará para a história.
ETAPAS DA ÚLTIMA SEMANA DO TOUR 2024
16ª etapa. Terça feira, 16 de julho. Gruissan - Nimes. 188,6 km
17ª etapa. Quarta feira, 17 de julho. Saint-Paul-Trois-Châteaux - Superdévoluy. 177,8 km
18ª etapa. Quinta feira, 18 de julho. Gap - Barcelonnette. 179,5 km
19ª etapa. Sexta feira, 19 de julho. Embrun - Isola 2000. 144,6 km
20ª etapa. Sábado 20 de julho. Nice - Col de la Couillole. 132,8 km
21ª etapa. Domingo 21 de julho. Mónaco - Nice. CRI. 33,7 km