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Nino Schurter: “Preciso de procurar novos estímulos e relaxar a cabeça"

No inverno, longe das provas, o número um mundial no XCO refugia-se em Itália para recarregar as baterias... Será este um dos segredos do Campeão do Mundo?

MOUNTAINBIKES.PT e Revista BIKE Portugal

Nino Schurter: “Preciso de procurar novos estímulos e desafogar a cabeça"
Nino Schurter: “Preciso de procurar novos estímulos e desafogar a cabeça"

Durante os meses em que decorre a Taça do Mundo, os Europeus e os Mundiais, a vida de Nino Schurter, como a de qualquer profissional do BTT, é extenuante e dedicada a este desporto. É por isso que os momentos de descanso são tão vitais como um bom treino. Desconetar e relaxar a mente é um dos segredos mais importantes, de modo a voltar com as baterias bem carregadas para enfrentar uma nova temporada.

Nino Schurter habitualmente reside na parte oriental do seu país natal, a Suíça, mas todos os invernos vai para Itália, mais precisamente para a casa da sua família na zona de Massa Marittima (Tuscânia). Se lias a revista Bike Magazine quando era publicada, certamente leste o nosso artigo quando visitámos a sua casa e os espetaculares trilhos nas imediações. Este é um lugar ideal para descansar, com excelente comida e bom vinho, sem esquecer os fantásticos singletracks e descidas. No fundo, pode treinar sem pressão. 

Estivemos à conversa com o Nino Schurter:

- Nino, o que significou para ti o fim da temporada passada?
Foi a altura em que tentei recarregar as baterias e procurar novas motivações. Uma temporada de XC deixa-nos esgotados, tanto física como mentalmente. Primeiro procuro recuperar e não tocar na bicicleta, dedicando-me a outras coisas bonitas da vida, por isso o principal é a família. Tenho pouco tempo entre uma temporada e a seguinte, por isso tento sempre estar a par das coisas que deixei de parte, como sair com os amigos e fazer coisas que nada têm a ver com as bicicletas. É especialmente importante passar tempo com os amigos, porque apenas os vejo quando estou concentrado na Taça do Mundo.

- Para um desportista, que importância tem desconectar de toda a pressão da temporada?

Saber divertir-me e descansar é tão importante como treinar. Devemos descansar depois dos treinos para que o corpo se regenere. A longo prazo, para um desportista é importante descansar várias semanas pois o corpo precisa de descansar, além disso, deve procurar novos estímulos e desafogar a cabeça. Os que se dedicam a treinar constantemente sem descansar o corpo e a mente no final acabam esgotados de tanto treinar, tanto física como mentalmente. Sobretudo depois de uma temporada atarefada com momentos muito intensos e grandes êxitos, para mim é essencial descansar o melhor possível. Eu e a minha família costumamos vir para um ambiente totalmente diferente, o que me ajuda a relaxar e a recuperar a concentração.

Os que se dedicam a treinar constantemente sem descansar o corpo e a mente no final vão acabar esgotados de tanto treinar, tanto física como mentalmente.

 

- Que vantagens encontras em descansar num local tão afastado da tua zona de conforto? 

Levo uma vida bastante agitada durante todo o ano. Tirando os treinos e as provas, a minha agenda inclui apresentações dos patrocinadores, encontros com a imprensa e outros compromissos durante toda a época. Não me importo com isso, mas consome-me muito tempo e é uma atividade muito intensa. Gosto de relaxar o máximo possível e desafogar a cabeça, por isso vou para sítios que sejam realmente tranquilos, como a casa dos meus pais no sul da Tuscânia, onde não há nada que me distraia do meu plano de dedicar-me simplesmente a não fazer nada. Os trilhos desta zona são uma maravilha, pois tem percursos de diferentes graus de dificuldade e a cada ano descubro novos singles. A zona de Maremma tem, sem dúvida alguma, uma natureza selvagem sublime e oferece uma variedade magnífica para os ciclistas.

Quando termina a temporada, onde é que encontras inspiração?
Fazendo coisas divertidas e diferentes: motocross, indo à praia, os prazeres da vida italiana... Aqui na Tuscânia tudo isto é mais fácil.

- A Tuscânia é famosa pelo seu vinho, pelas suas ruas e pela sua importância histórica. O que significa para ti e porque gostas tanto desta zona?

Na Tuscânia conecto com a família, a comida é magnífica, as voltas de bicicleta são brutais, depois há o mar, os amigos e todo o tipo de aventuras ao ar livre. Aqui consigo desconetar completamente e faço um "reset". É uma vida tranquila num ambiente típico, as pessoas são muito simpáticas e costuma estar bom tempo. Além disso, aqui consigo treinar bem, independentemente da bicicleta.

Que importância tem para ti a tua família, especialmente a tua filha?
A minha família é o meu motor. Nada funciona se não vives num ambiente que funciona bem. A minha esposa e a minha filha, obviamente, são o que de mais importante tenho na minha vida. A minha filha tem 3 anos e já demonstra boas habilidades em cima da bicicleta. Às vezes acompanha-me e fazemos alguns passeios. Adora a bicicleta.

- Aparentemente também costumas sair bastante com o teu irmão. Como é a tua relação com ele?

Descobrimos juntos o ciclismo quando eramos miúdos e desde o primeiro dia andámos sempre "picados" um com o outro. Também fazíamos férias de bicicleta em família. Temos estilos completamente diferentes em cima da bicicleta e isso serve-me de inspiração. O meu irmão é instrutor de BTT, tem uma escola de ciclismo em Massa Marittima, anda praticamente todos os dias, tal como eu. O meu pai foi o treinador da seleção nacional de downhill (Suíça) e hoje em dia continua a andar bastante rápido. Ambos dedicámos muito tempo a manter os trilhos cicláveis e participamos ativamente na comunidade ciclista em Maremma. É uma maravilha poder partilhar com a minha família algo que me apaixona! Somos betetistas até à medula. Há pouco tempo arranjaram um novo trilho de Trail nas montanhas de Massa Marittima e batizaram-no com o nome "El Nino". É um trilho brutal!

- Costumas andar muito na Ransom? 

Nas minhas últimas férias, por exemplo, andei exclusivamente na Ransom. Se não me tivesse dedicado ao XC e se só pudesse ter uma bicicleta, acho que compraria uma Ransom. É uma bicicleta que proporciona liberdade e diversão, que permite subir a lugares que jamais possas imaginar que pudesses alcançar e funciona na perfeição nas descidas. Numa bicicleta que tem 170 mm de curso, sobe incrivelmente bem e nas descidas é a número um. Não conheço nenhuma outra bicicleta de enduro tão funcional. 

- Ficaste mesmo fascinado com a bicicleta...

A Ransom foi a minha primeira bicicleta de freeride. Fiz voltas espetaculares com ela e competi numa. Cheguei a ganhar uma das primeiras corridas de Enduro em Flims. A Ransom foi pioneira nesta categoria e estava mortinho por ver a nova versão e a verdade é que continua a ser a bicicleta que mais recordações me traz.

- Já pensaste em montar um espigão telescópico eletrónico para usares na Taça do Mundo?
Sim, claro, talvez não em todas as provas, mas em alguns circuitos que tenham zonas mais complicadas. O espigão telescópico eletrónico é muito fácil de montar e desmontar da bicicleta, por isso, porque não?

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