E de fato assim foi, a vitória que ontem escapou a José foi hoje selada com a performance do seu irmão mais novo, Jesús, que assim fechou com chave de ouro uma fuga que começou com 11 ciclistas de nível, onde se incluiu o nosso Nelson Oliveira, Dylan Teuns, Tejay Van Garderen, Robert Gesink e David De la Cruz, entre outros.
Na subida final a Ares de Maestrat, de 7,9 km a 5% de declive, Jesús isolou-se na cabeça da fuga, juntamente com Teuns (Bahrain Merida), quando faltavam 4 km. O belga lutava sobretudo pela liderança à geral, por isso teve de se empenhar para ganhar tempo a David de la Cruz. E Herrada aproveitou-se do esforço dispendido por Teuns para se superiorzar nos últimos 500 metros. Um triunfo merecido e tirado a ferros para um ciclista que está num grande momento de forma. Após vestir de vermelho na Vuelta 2018, foi agora a vez de se estrear a vencer uma etapa numa das "grandes".
Mais atrás, a Astana de Miguel Ángel López não impediu a fuga, com a intenção de ceder a liderança a um dos fugitivos (De la Cruz ou Teuns; os melhor classificados). Uma maneira inteligente de poupar esforços para as próximas etapas. Entre os favoritos, só o jovem Tadej Pogacar (UAE), tentou a sua sorte, com um ataque que apenas lhe daria 2s de vantagem.
Dylan Teuns, vencedor de uma etapa este ano no Tour de France, veste agora de vermelho, com 38s de vantagem sobre David de la Cruz, que hoje não esteve ao seu melhor nível. Em terceiro segue agora, com 1m de atraso, Miguel Ángel López, e a 1m14s surge Primoz Roglic. Quintana, Gesink, Valverde e Chaves são os nomes que se seguem...
Mas esta etapa teria também o seu momento negro, com a queda coletiva ao km 105, numa curva rápida, quando Tony Martin perdeu o controlo da sua bicicleta arrastrando vários ciclistas. Entre os mais afetados estavam Rigoberto Urán e Hugh Carthy da EF Education First, Víctor de la Parte (CCC) e Nicolas Roche (Sunweb), que tiveram de abandonar a prova. Baixas muito pesadas para o espetáculo. Roche ocupava o 5º lugar da general, Urán era 6º e De la Parte 13º. Outros ciclistas como Davide Formolo, Sergio Higuita e o próprio Tony Martin também ficaram ligeiramente "tocados" mas seguem em prova.
FUGA TARDiA
Numa etapa disputada a grande velocidad (o vencedor chegou 40s adiantado em relação ao horário intermédio previsto), a fuga tardou a acontecer: foram precisos mais de 50 km. Fuga essa com nomes de peso, como Nelson Oliveira, Dylan Teuns, Tejay Van Garderen, Pawel Poljanski, Dorian Godon, Bruno Armirail, Tsgabu Grmay, Robert Gesink, Gianluca Brambilla, Jesús Herrada e David de la Cruz, ele que em termos de geral era o melhor posicionado, a 4m35s de Miguel Ángel López. Teuns estava a 4m43s. Quando a vantagem superou os 3 minutos, a equipa Astana decidiu, de maneira bem visível, não lutar para anular a fuga.
Na subida ao Alto de Culla, de 3ª categoria, Tsgabu Grmay (Mitchelton-Scott) descola dos fugitivos para alcançar o topo sozinho, com 20s de vantagem sobre o resto dos fugitivos e mais de 5m em relação ao pelotão. Na descida, Nelson Oliveira (Movistar) arranca e alcança Grmay, e ambos iniciam isolados a subida final a Puerto de Ares.
A 4 km da meta Teuns ataca e apenas Jesús Herrada consegue aguentar o ritmo. Alcançam Grmay e Oliveira e prosseguem a bom ritmo em busca de triunfos: Herrada na etapa e Teuns nas contas da geral. E estava escrita a história da etapa, Herrada não mostrava sinais de fraqueza enquanto assistia ao esforço de Teuns para ampliar a sua vantagem na geral. No fundo foi um final estratégico e vantajoso para os dois.
A 7ª etapa decorre amanhã (Onda - Mas de la Costa, 183,2 km), e é a terceira chegada consecutiva em montanha, num topo curto mas duro, após 4,1 km de subida a 12,3% de média com rampas de mais de 20%. Os primeiros 80 km percorrem a costa e são planos. De seguida os ciclistas entram na zona mais interior da província de Castellón, uma zona sinuosa que inclui duas cotas de 2ª categoria e duas de 3ª como aperitivo à explosiva subida final a Mas de la Costa.