Numa entrevista divulgada pela Eurosport, antes de começar o Tour, Chris Froome fala do tormento que passou, da felicidade atual e dos comentários que outros fizeram acerca deste caso.
Chris, podes descrever como é que te sentes agora que foste oficialmente exonerado?
Saíu-me um enorme peso dos ombros. Obviamente o que aconteceu foi muito duro. É provavelmente a pior coisa que pode acontecer a um atleta. Para mim, para a minha família, para os meus colegas, foi um período muito complicado.
Visto de fora, parece que superaste bastante bem. Mas como foi na realidade?
Tive bastante sorte por, sendo atleta, sempre ter tido uma mentalidade muito focada. Quando me foco em algo tenho a capacidade de tentar bloquear tudo o resto. Dito isto, estes últimos 9 meses foram o período em que me foi mais difícil gerir tudo isto. Obviamente as alegações foram bastante duras e tentar continuar a estar focado, competindo na Volta a Itália com isso em mente foi complicado. Além disso, fiquei ciente do prejuízo que isso estava a provocar no ciclismo. Obviamente não fiquei numa posição confortável. Ao mesmo tempo, sempre disse que quando chegássemos ao final de tudo isto, as pessoas iriam perceber as razões que me levaram a querer continuar a competir. Porque fundamentalmente não fiz nada de errado e sempre acreditei que iria ser exonerado.
Como é que sentes que foste tratado (pela UCI e pela ASO)? Sentes que precisas de ser compensado pelo que passaste?
Seria muito fácil ficar irritado com as pessoas. Como referiste, existem algumas entidades a quem seria muito fácil eu mostrar ressentimento por causa dos seus atos durante os últimos 9 meses... Mas eu não sou assim. Estou simplesmente muito feliz por seguir a minha vida. Sou alguém que tenta sempre ver algo positivo nas coisas. E obviamente aqui, e agora, vamos começar a Volta a França. Agora, o meu foco está inteiramente no Tour. Não tenho por hábito guardar ressentimentos. Pura e simplesmente sinto-me feliz por poder continuar e pelas próximas semanas de competição.
Estás somente focado na edição 105 do Tour ou também pensas que podes chegar à quinta vitória pessoal na prova?
Seria incrível poder ganhar esta edição do Tour e igualar o recorde de 5 títulos. Seria extraordinário. Mas não vou pôr o carro à frente dos bois. Esta prova é muito dura e as coisas podem mudar de um dia para o outro, especialmente o formato deste ano. Os primeiros 9 dias são etapas ao estilo das clássicas. Temos pavê e aí tudo pode acontecer. Num grupo de 10 potenciais vencedores iremos perder pelo menos 3 ou 4 nestes primeiros 9 dias. Eles perderão a hipótese de lutar pela vitória devido à natureza da própria prova.
Em termos de forma, está muito similar à do ano passado?
Aprendi bastante o ano passado após ter participado em duas Grandes Voltas. Sempre ambicionei fazer o Tour e a Vuelta no mesmo ano. Felizmente tudo correu bem e aprendi bastante. Recuperei bem depois da Volta a Itália e sinto-me preparado. Tenho um grupo fantástico à minha volta e estamos todos ansiosos para começar a competir.
O Richie Porte escreveu "Fake News" nas redes sociais referindo-se ao teu caso.
Eu conheço o Richie, ele às vezes fica um pouco histérico. Mas é um bom rival. Já há algum tempo que não compito com ele, e estou entusiasmado por voltar a correr contra ele.
Existe algo que pudesses fazer para tornar a tua vida melhor?
Já sou bastante feliz e não preciso de mais nada, para ser honesto.