Estivemos nos últimos dias em Flandres e em Roubaix a testar em exclusivo para Portugal e Espanha a nova bicicleta da Specialized.
Depois do lançamento há cerca de três anos da Roubaix com o seu sistema Future Shock no tubo da forqueta, eis a nova versão.
Com esta nova versão, a Specialized introduz duas grandes novidades. Por um lado, o sistema Future Shock 2.0 com banho hidráulico e funcionamento regulável nos modelos mais avançados S-Works, Pro e Expert e o Future Shock 1.5 com um funcionamneto mais progressivo nos modelos Comp e Sport. Por outro lado, o novo quadro é mais leve e aerodinâmico, com um design que segue as linhas maestras da Venge e da Tarmac.
Estivemos na apresentação oficial deste modelo em Kortrijk, a meio caminho entre Oudenaarde, o centro nevrálgico do Tour de Flandres, e Roubaix. Os muros da prova de Flandres e as secções de pavé do Inferno do Norte foram o cenário perfeito para testar esta bicicleta numa experiência que poderás conhecer em detalhe numa das próximas edições da revista portuguesa Ciclismo a fundo, em exclusivo para Portugal.
Future Shock
A Specialized alega que a sua aposta no sistema de amortecimento se situa na zona da direção para que a bicicleta não perca eficiência, para além de pretender que o ciclista mantenha as sensações habituais de condução. O novo Future Shock 2.0 mantém o curso de 20 mm da geração anterior da Roubaix e funciona exatamente da mesma forma quando o manípulo de regulação está completamente aberto. No entanto, o banho hidráulico permite ser ajustado através desse manípulo colocado no topo do avanço/direção. O manípulo ajusta a compressão, o que reduz o seu movimento, sobretudo a baixa velocidade, mas continua a absorver os impactos maiores ou zonas mais irregulares.
Testámos a nova versão tanto no pavé de Flandres como no de Roubaix e continua a absorver bastante, só que agora podes trancar o sistema quando rolas em asfalto e a direção é muito mais firme.
O Future Shock 1.5 dos modelos Comp e Sport é diferente, já que não tem um banho hidráulico, mas sim três molas, estando a principal situada na parte inferior, mais progressiva, enquanto a do meio controla a recuperação e a superior, que é linear, apoia o trabalho da mola inferior na absorção dos grandes impactos. Além disso, inclui um bumper inferior, que controla a recuperação (para não ser demasiado brusca ou lenta). A marca recomenda utilizar este bumper com este design, embora esteja previsto que exista uma mola mais linear se a utilização for fundamentalmente em pisos em pavé. Em ambos os casos, podem ser instalados espaçadores até cerca de 30 mm de altura e conseguir assim aumentar o stack, com um guiador Hover sobredimensionado.
A nova Roubaix tem um espigão de selim e um sistema de aperto radicalmente diferentes face à versão anterior. Antes o espigão era redondo e tinha 27.2 mm, além de ter uma cabeça de acoplamento CG-R para permitir uma flexão de cerca de 20 mm. Agora, a nova versão traz um espigão denominado Pavé, com uma forma em D, como o da Tarmac e que mantém os 20 mm de flexão para absorver as vibrações, manter o conforto e melhorar a estética e a aerodinâmica. A versão anterior confiava num sistema de aperto tipo colar com dois parafusos no lado oposto à união das escoras no tubo de selim. Agora, a nova versão tem uma cunha que exerce pressão na mesma posição para dar liberdade de movimento ao espigão.
Um quadro totalmente novo
Além da mudança da posição de aperto do espigão de selim, o quadro foi totalmente redesenhado, incorporando a central dos grupos eletrónicos no tubo diagonal, e agora em termos de design assemelha-se mais à Tarmac e à Venge Disc. De facto, segundo a marca, os seus testes no túnel de vento de Morgan Hill provaram que a Roubaix não só é mais aerodinâmica do que a versão anterior - entre 22 e 24 segundos em 40 km -, mas também é mais rápida do que a Tarmac - entre 8 e 10 segundos na mesma distância -.
O maior esforço foi realizado no campo do peso com o objetivo de conseguir que o quadro seja o mais leve possível. A marca declara que o quadro pesa menos de 900 gramas no tamanho 56, Black. Entre o quadro topo de gama S-Works com carbono FACT 11r, e os quadros 10r das restantes versões existe uma diferença de 115g. Outra novidade importante é que todos os pedaleiros são de rosca - algo que seguramente deixará os mecânicos bastante felizes - enquanto a passagem da roda cresce até aos 33 mm (antes o limite era de 32 mm).
Para os profissionais, ou para aqueles que procuram as sensações de condução de uma bicicleta desportiva, mas muito confortável, a marca desenvolveu a geometria Team, que reduz a zona da direção em 35 mm e aumenta o reach (a distância efetiva até ao guiador). Estará disponível apenas na versão S-Works, com um design espetacular camuflado e em três tamanhos: 53, que tem o mesmo reach e stack de uma Tarmac em tamanho 54; 57, que tem as mesmas medidas do tamanho 54 na Tarmac; e 59, que é um pouco maior do que a Tarmac no tamanho 58. É o mesmo quadro e decoração que os ciclistas da Bora-Hansgrohe e da Deceuninck-Quick Step vão usar; a exceção é Peter Sagan, que usará o design da sua coleção.
Os modelos com a denominada Geometria Clássica - desde o tamanho 44 ao 61 - estão disponíveis em sete tamanhos; além disso, também chegará ao mercado uma versão da Comp em 64. Como é habitual, todos os quadros são fabricados seguindo a tecnologia Rider-First Engineered para adequar o seu comportamento ao tamanho.
Outra das novidades é que esta Roubaix foi desenvolvida tanto para homem como para mulher, o que em prática elimina a plataforma Ruby do catálogo da marca. Segundo Todd Carver, responsável do departamento de rendimento humano, além de fundador da Retul: "Aprendemos que há mais diferenças entre os homens do que entre um homem e uma mulher". A compra desta plataforma de análise biomecânica permitiu à Specialized elaborar uma grande base de dados de ciclistas de géneros diferentes, o que levou a esta tomada de posição, ou seja, apostar na mesma geometria, adaptando apenas os pontos de contato.
A gama
Podes ver todas as montagens e cores no site da Specialized. Clica AQUI.